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Por que startup Slack continua captando dinheiro sem necessidade

Ellen Huet

16/03/2016 13h43

(Bloomberg) - O produto da Slack Technologies existe há apenas dois anos, mas a startup de mensagens corporativas já captou mais de US$ 300 milhões.

E não vai parar por aí. A empresa com sede em São Francisco está tentando captar entre US$ 150 milhões e US$ 300 milhões a mais, informou a agência de notícias Bloomberg neste mês.

Stewart Butterfield, presidente da Slack, disse que a empresa está perto da lucratividade. Então, por que continuar captando recursos?

Em parte, trata-se de uma ferramenta de recrutamento. Butterfield explicou durante uma entrevista no palco do South by Southwest que os trabalhadores gostam de ver que a avaliação da empresa continua aumentando aceleradamente.

A Slack compete com outras startups ambiciosas e com grandes empresas de tecnologia, como Google e Facebook, quando tenta atrair os melhores profissionais do setor.

Quando os candidatos a vagas perguntam por que eles deveriam apostar na ação da Slack, e não nas ações da Google, uma avaliação em alta ajuda a responder. "Obter um pico na avaliação seria a única lógica da captação de dinheiro", disse Butterfield.

"A realidade é que, durante os últimos dois anos, a compensação virou uma loucura - especialmente nos últimos seis meses".

Depois de um investimento que conferiu à empresa a avaliação de US$ 2,8 bilhões há menos de um ano, a Slack pretende elevar esse valor para até US$ 4 bilhões com a atual rodada de captação.

Esse é um caso incomum no atual entorno das startups, que está esfriando. A maioria das empresas já não pode tratar os capitalistas de risco como se eles fossem um caixa eletrônico. Butterfield disse que a captação de recursos ficou mais difícil agora de modo geral.

Os investidores estão nervosos diante da queda iminente dos mercados públicos, o que poderia derrubar os mercados privados, disse ele.

Mas Butterfield não projeta uma carnificina. "Com certeza haverá uma mudança no comportamento do capitalista de risco, dependendo do que estiver acontecendo nos mercados públicos, mas isso leva um tempo", disse ele. Os capitalistas de risco ainda têm muito dinheiro parado nos fundos.

Eles provavelmente não vão devolver esse dinheiro, e o trabalho deles é investi-lo. "Talvez eles recuem temporariamente, e acho que vimos isso acontecer nos últimos dois meses", disse Butterfield. "Mas eles não vão recuar para sempre, porque não podem fazer isso".

O fluxo livre de capital permitiu que a Slack investisse em publicidade e em outros meios para preservar seu crescimento. A empresa publicou outdoors em diversas cidades e emitiu comerciais pela televisão.

Butterfield, que também ajudou a fundar o site de compartilhamento de fotos Flickr e vendeu-o para a Yahoo! em 2005, admite que teve um pouco de sorte em sua carreira.

"Somos espertos e trabalhamos duro, mas sempre que a situação dependeu de um golpe de sorte, fomos favorecidos, em diversas ocasiões", disse Butterfield. "Estou aproveitando isso e nunca terei outra oportunidade como essa em toda a minha vida".