Reflita: você é mais feliz agora do que era há dez anos?
(Bloomberg) - A satisfação informada nos EUA caiu desde 2005-2007 para 2013-2015, de acordo com o mais recente Relatório Mundial da Felicidade. Não se sabe se podemos fazer com que os EUA fiquem contentes de novo.
Os EUA ficaram em 93º lugar na lista de 126 países classificados de acordo com mudanças no entusiasmo nacional. Entre os países "mais felizes" atualmente estão Nicarágua (1), Equador (3), Rússia (10) e China (19). O ponto de inflexão está na Austrália (70) e na Áustria (71), que praticamente não mostraram mudança. Quem ficou no fundo do poço foi a Grécia.
A queda da sensação de bem-estar é uma medida mais interessante do que o ranking da felicidade em si, mas é nesse último que o relatório se concentra. Já não há muita dramaticidade em revelar, por exemplo, qual social-democracia do ocidente europeu se sente melhor consigo mesma (a Dinamarca superou a Suíça e ficou com o título de 2016). Para sua informação, os EUA subiram dois degraus e ficaram em 13º lugar.
"Os números dos EUA caíram" se medidos conforme as mudanças, disse John Helliwell, economista da Universidade da Colúmbia Britânica e principal autor dos rankings, "mas a queda da Costa Rica e do México foi mais acentuada".
O relatório, organizado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, é uma análise de dados da Gallup World Poll coletados em enquetes realizadas com 1.000 pessoas em cada país todo ano durante três anos. Os pesquisadores estabeleceram seis categorias que parecem explicar cerca de 75 por cento dos dados da pesquisa. São elas: produto bruto interno (a produção de bens e serviços de um país) per capita, assistência social, expectativa de vida saudável, liberdade pessoal, doações caritativas e corrupção percebida.
Os autores justificam qualquer diferença entre os dados e a teoria de seis pontos da felicidade combinando a discrepância de cada país com um índice de linha de base da miséria, constituído em um país imaginário que estaria no fundo do poço, que eles chamam, em tom de brincadeira, de Distopia.
Neste ano, a equipe acrescentou um novo retrato da desigualdade, uma medida da diferença de felicidade em um país. O Butão, cujo rei cunhou a "felicidade nacional bruta" em 1972, teve a distribuição mais equitativa do bem-estar. Mas a igualdade não necessariamente se traduz em vertigem nacional; o Butão ficou em 84º lugar de 157 no ranking principal de felicidade, logo abaixo da China, exatamente como na topografia da vida real.
A desigualdade de bem-estar nos EUA se compara à sua tão discutida disparidade de renda. Os americanos ficaram em 85º lugar entre 157 países classificados de acordo com o diferencial entre os mais felizes e os menos felizes.
O relatório deste ano é uma avaliação provisória, e os pesquisadores emitirão uma análise profunda no próximo ano. O próximo relatório vai analisar mais de perto a felicidade no ambiente de trabalho e os efeitos da imigração e dos refugiados na felicidade agregada.
A relação entre a felicidade e a paternidade é o assunto de um estudo incluído em um adendo do relatório. Muitos pesquisadores anteriores observaram que o gráfico da felicidade ao longo da vida tende a ter o formato de U: a juventude é ótima, o período de paternidade é duro, a aposentadoria é excelente. Essa conclusão foi amplamente estudada, especialmente por Andrew Oswald, da Universidade de Warwick, que mostrou que ela se aplica a chimpanzés, a orangotangos e a qualquer um que tenha filhos.
O novo trabalho mostra que a paternidade é mais difícil para as pessoas em países com PIB alto, particularmente entre os desempregados. Por que isso acontece é tema de estudos adicionais, de acordo com Luca Stanca, economista da Universidade de Milão-Bicocca, que realizou a pesquisa sobre a paternidade. É fácil entender que a combinação entre desemprego e bocas para alimentar seja uma receita para a dificuldade, mas por que os pais mais insatisfeitos estão nos países com PIB alto?
Stanca sugeriu, embora sejam necessários mais estudos para comprovar essa hipótese, que talvez a paternidade em países mais ricos implique um custo de oportunidade maior do que nos países mais pobres - há mais coisas para fazer e as recompensas econômicas e sociais por fazê-las são maiores. Seria uma espécie de "medo de perder alguma coisa" na educação dos filhos. Esse efeito é mais intenso para as mulheres e diminui, para homens e mulheres, à medida que eles envelhecem.
"Foi assim que eu comecei a me interessar por esse assunto", disse Stanca. "Eu tive três filhas, e depois tive gêmeos, e comecei a pensar...".
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