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Produtoras veem declínio de poços petróleo superar nova produção

Rakteem Katakey

22/03/2016 11h38

(Bloomberg) -- Para as empresas petroleiras, o legado do barril a US$ 100 está começando a secar.

Uma onda de projetos aprovados no início da década, quando o barril de petróleo era negociado perto de US$ 100, aumentou a produção para muitas empresas, mantendo o fluxo de caixa mesmo quando os preços despencaram. Agora, esse trunfo produtivo está diminuindo. Em 2016, pela primeira vez em anos, as petroleiras adicionarão menos petróleo de novos campos do que perderam devido ao declínio natural dos poços antigos.

Cerca de 3 milhões de barris por dia virão de novos projetos neste ano, contra 3,3 milhões perdidos nos campos estabelecidos, segundo a Rystad Energy, que tem sede em Oslo. Em 2017, o declínio superará a produção nova em 1,2 milhão de barris porque os cortes nos investimentos feitos durante o colapso do petróleo começarão a surtir efeito. Essa tendência deverá piorar.

"Haverá algum efeito em 2018 e um efeito muito forte em 2020", disse Per Magnus Nysveen, chefe de análises da Rystad, acrescentando que o mercado se reequilibrará neste ano. "A oferta e a demanda globais se equilibrarão muito rapidamente porque estamos vendo um declínio prolongado nos campos produtores".

Boa parte da produção nova vem dos campos de águas profundas que as grandes petroleiras preferem não abandonar após realizarem investimentos iniciais, disse Nysveen em entrevista por telefone.

A Royal Dutch Shell deverá iniciar o projeto Stones no campo de petróleo mais profundo do Golfo do México neste ano após aprová-lo em maio de 2013. O barril de petróleo Brent, usado como referência no setor, era negociado a uma média de US$ 103 naquele mês, contra cerca de US$ 41 na segunda-feira. O projeto Stones adicionará cerca de 50.000 barris por dia à produção do Golfo do México na taxa de pico, segundo a Shell.

Outros dois projetos de águas profundas, operados pela Noble Energy e pela Freeport-McMoran, deverão ser iniciados neste ano, disse a Administração de Informação de Energia dos EUA, em relatório de 18 de fevereiro. A Anadarko Petroleum iniciou o campo de Heidelberg em janeiro.

Isso ajudará a impulsionar a produção no Golfo do México em 8,4 por cento neste ano para uma média recorde anual de 1,67 milhão de barris por dia, segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA.

A Eni SpA, a maior petroleira da Itália, iniciou o campo Goliat no Ártico neste mês e a Shell começou a produzir em uma nova área do projeto BC-10 no Brasil em 14 de março. A petroleira britânica Tullow Oil planeja iniciar a produção do campo Tweneboa-Enyenra-Ntomme na costa de Gana em julho ou agosto.

"Há um amplo leque de projetos upstream entrando em operação em 2016 e isso é o resultado dos altos níveis de investimento empregados quando estávamos em um mundo com o barril a US$ 100", disse Angus Rodger, analista da empresa de consultoria Wood Mackenzie em Cingapura. "A curto prazo, eles gerarão retornos muito mais baixos do que se previa originalmente".

Contudo, esses desenvolvimentos não serão suficientes para conter o declínio natural dos campos de petróleo que estão começando a sofrer com o investimento mais baixo. Um pouco mais de um ano depois que a Shell aprovou o projeto Stones, em 2013, os preços do petróleo começaram sua queda, com o Brent atingindo o menor nível em 12 anos, abaixo dos US$ 28 por barril, em janeiro.

Isso espremeu os orçamentos das produtoras de petróleo e as aprovações de projetos diminuíram. De 2007 a 2013, as empresas tomaram decisões finais de investimento para uma média de 40 projetos de petróleo e gás de médio e grande porte ao ano, disse Rodger, da Wood Mackenzie. Esse volume caiu para menos de 15 em 2014 e para menos de 10 no ano passado. Nem Rodger, nem Nysveen, da Rystad, esperam uma recuperação neste ano.

O Morgan Stanley estima que nove projetos estão na disputa para receber luz verde neste ano, incluindo o Mad Dog Phase 2 da BP, no Golfo México, e o campo de gás Zohr da Eni no Egito. Estes estão entre 232 projetos, excluindo o xisto dos EUA, que aguardam aprovação após adiamentos nos últimos dois anos, segundo um relatório de 29 de janeiro.