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Juro negativo amplia interresse por bonds de empresas dos EUA

Finbarr Flynn, Katie Linsell e Cordell Eddings

24/03/2016 11h17

(Bloomberg) -- Mario Draghi e Haruhiko Kuroda entregaram um grande presente para empresas americanas como Coca-Cola e General Electric: pilhas de dinheiro de investidores europeus e japoneses.

Atualmente, em todo o mundo, aproximadamente US$ 8 trilhões em bonds têm yields negativos. Essa situação levou gestores de fundos de todo o globo a comprarem dívidas corporativas nos EUA, onde as taxas de juros são positivas.

“Draghi me forçou, como investidor europeu, a prestar atenção em ativos do exterior que não são denominados em euros”, disse James Tomlins, gerente de recursos da M&G Investments, em Londres, que administra cerca de 250 bilhões de libras (US$ 353 bilhões) em ativos. “O potencial de retorno é muito melhor nos EUA”.

Oito dos 11 bancos regionais japoneses que a Bloomberg consultou recentemente disseram que já haviam começado ou estavam estudando a compra de títulos de maior risco fora de seu mercado doméstico. Uma associação japonesa de empresas seguradoras disse no mês passado que o setor não terá muita escolha além de comprar dívidas emitidas em outros países.

Indo para os EUA

A demanda dos investidores asiáticos e europeus já ajudou a reduzir os prêmios de risco sobre bonds corporativos dos EUA com grau de investimento em cerca de meio ponto percentual desde meados de fevereiro, segundo índices do Bank of America Merrill Lynch.

Até o fim do ano, os prêmios poderão cair para cerca de 1,5 ponto percentual em relação aos níveis atuais, de cerca de 1,72 ponto percentual, disse Hans Mikkelsen, chefe de pesquisa de crédito de grau de investimento nos EUA no Bank of America Merrill Lynch. Os investidores da Europa e da Ásia poderiam comprar até US$ 500 bilhões em dívidas de empresas americanas em 2016, 50 por cento a mais que no ano passado, projeta Mikkelsen.

As decisões recentes dos bancos centrais na Europa e na Ásia reduziram os yields de muitos títulos de acima de zero para níveis negativos.

“Temos que recorrer a bonds estrangeiros, como notas dos EUA e da Europa, ou a produtos alternativos para atender as expectativas do negócio para assegurar os lucros”, disse Yoshihiro Yamanaka, diretor-executivo do Banco de Kyoto, banco regional japonês.

Poucas alternativas

Os títulos corporativos e alguns tipos de bonds municipais são mais atrativos para muitos investidores porque oferecem retornos mais elevados após os custos de hedge cambial, disse Masato Mishina, diretor de vendas institucionais da Nikko Asset Management em Tóquio, com cerca de US$ 163 bilhões em ativos sob gestão no fim do ano passado.

A empresa vende fundos para bancos que investem em ativos denominados em dólares, e hedge para risco cambial.

“No passado, os bancos regionais costumavam nos dizer para não levar a eles investimentos que não atendiam regras internas claras e eles não compravam, independentemente de quantas vezes levássemos o negócio a eles”, disse Mishina. “O que eles dizem agora é diferente: ‘não vamos dizer não logo de cara, traga suas ideias de investimento para nós”.

Os investidores japoneses muitas vezes são atraídos por empresas cujas marcas eles reconhecem, como a Coca-Cola, disse Mishina.

Um relatório do Federal Reserve apontou que em torno de 32 por cento dos cerca de US$ 9,46 trilhões de bonds corporativos americanos em circulação estavam em posse de estrangeiros até o quarto trimestre, uma proporção que aumentou em relação aos 8 pontos percentuais de 2009.

Ativos de estrangeiros

Os gestores de recursos do Japão experimentaram yields baixos durante uma geração. A tendência se intensificou depois que Kuroda, presidente do Banco do Japão, anunciou uma estratégia de taxas de juros negativas, em 29 de janeiro, em um esforço para evitar a deflação. Os bonds do governo japonês respondem por quase 66 por cento dos cerca de US$ 8 trilhões em dívidas soberanas com yields negativos.

A Europa adotou as taxas negativas pela primeira vez em meados de 2014. Draghi, presidente do Banco Central Europeu, disse no início deste mês que a instituição estava cortando os juros ainda mais. Nesta semana, os yields sobre alguns títulos corporativos da zona do euro caíram para abaixo de zero.

Título em inglês: Negative Rates Make Corporate America’s Bonds Only Game in Town

--Com a colaboração de Takako Taniguchi e Chikako Mogi Para entrar em contato com os repórteres: Finbarr Flynn em Tóquio, fflynn3@bloomberg.net, Katie Linsell em Londres, klinsell@bloomberg.net, Cordell Eddings em N York, ceddings@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier

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