Perda do Credit Suisse por risco é desafio adicional ao CEO
(Bloomberg) -- O CEO do Credit Suisse, Tidjane Thiam, soltou uma bomba sobre os investidores: pego de surpresa pelo aumento das posições ilíquidas de trading, o CEO disse que o banco provavelmente registrará um segundo prejuízo trimestral seguido em um momento de redução das negociações e de aprofundamento dos cortes nessa divisão.
Menos de dois meses depois de o banco revelar prejuízos nas posições que levaram à maior queda da receita com negociações entre os grandes bancos, Thiam disse na quarta-feira que parte delas foi construída sem o conhecimento da direção do banco, em práticas que ele descreveu como "inaceitáveis". Horas depois, contudo, ele disse que os traders estavam operando dentro de seus limites, que talvez fossem elevados demais.
As revelações levantam questionamentos sobre o que a direção deveria ter tido conhecimento quando a empresa estabeleceu sua estratégia de transformação do banco, em outubro -- e quando, posteriormente, recorreu aos investidores em busca de mais 6 bilhões de francos suíços (US$ 6,2 bilhões) para levar adiante a reformulação, que segundo Thiam agora será reestruturada, em parte devido aos prejuízos surpresa.
"Eu não culparia o CEO por não estar a par de todas as entradas e saídas, mas a responsabilidade recai sobre o CEO", disse Ronald Colombo, professor de Direito da Universidade de Hofstra e ex-conselheiro do Morgan Stanley. "O CEO precisa ter uma equipe de assessores de confiança que entenda, coletivamente, o que está acontecendo".
Mais cortes
As ações do Credit Suisse caíram 4,2 por cento, para 13,85 francos suíços, quarto pior desempenho do índice Bloomberg Europe Banks and Financial Services, formado por 39 membros. A ação caiu cerca de 39 por cento até no ano até agora, quase o dobro do índice.
Thiam, 53, já enfrentava dificuldades para restaurar a confiança do investidor. Em fevereiro, a empresa registrou seu maior prejuízo trimestral em sete anos. Suas ações estavam em baixa de 34 por cento neste ano até antes das revelações desta semana. Os papéis subiram 0,9 por cento na quarta-feira depois que ele prometeu realizar cortes ainda mais profundos, eliminando mais 2.000 empregos neste ano.
A unidade de mercados internacionais, que abriga a negociação de títulos, perderá dinheiro no primeiro trimestre porque a receita cairá até 45 por cento em relação ao ano anterior, disse o Credit Suisse. Créditos inadimplentes, empréstimos alavancados e produtos securitizados desencadearam mais de US$ 250 milhões em baixas contábeis no período, após cerca de US$ 500 milhões em prejuízos no quarto trimestre.
De surpresa
Em uma teleconferência, os analistas pressionaram Thiam perguntando como o banco foi pego de surpresa por esses ativos -- e o forçaram a especificar quais empregados deveriam ser responsabilizados. Thiam disse que a escala das posições "foi uma surpresa para muita gente e que não era um fato amplamente conhecido" dentro da empresa. Ele preferiu não identificar os executivos responsáveis, tranquilizando os ouvintes ao dizer que "houve consequências" e que "nós lidamos com elas".
Mais tarde, na quarta-feira, em conferência em Zurique, o CEO disse que as posições que provocaram as baixas contábeis já existiam quando ele entrou na empresa, tendo se acumulado de 2012 a 2015 após uma redução inicial. Nenhum trader violou limites, mas "olhando para trás", conclui que os limites talvez fossem altos demais e o discernimento dos traders, questionável, disse ele.
A admissão do CEO de que não tinha consciência das exposições do banco a produtos securitizados e dívidas inadimplentes é "algo alarmante", escreveu Simon Adamson, analista da CreditSights, a clientes.
Segundo seu plano de reestruturação revisado, o banco buscará cortar ativos ponderados pelo risco na divisão de mercados internacionais em mais 20 por cento neste ano, para cerca de US$ 60 bilhões. Os cortes adicionais de empregos ampliarão para 6.000 a redução total de postos de trabalho em todo o banco neste ano.
O banco adotou medidas para evitar mais surpresas em sua divisão de trading, disse ele, em entrevista a Francine Lacqua da Bloomberg Television.
"Estou confiante de que temos bons processos em andamento para assegurar que isso nunca volte a acontecer", disse Thiam. "Mas nunca se pode dizer nunca".
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