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Investidores aumentam visitas a emergentes para gerenciar ativos

Sangwon Yoon e Ye Xie

29/03/2016 14h29

(Bloomberg) -- Durante os anos de forte expansão, quando a demanda da China parecia insaciável e os preços das commodities, confiáveis, a equipe de mercados emergentes da Stone Harbor Investment Partners em Nova York visitava seus países uma ou duas vezes por ano. Nos últimos seis meses a empresa fez quatro viagens ao Brasil e, desde janeiro, passou por Colômbia, México, Venezuela, Polônia e Malásia.

"Estamos na parte do ciclo em que as economias perdem força e os governos precisam tomar medidas difíceis", disse Pablo Cisilino, que lidera o grupo e ajuda a administrar cerca de US$ 42 bilhões em dívidas de países em desenvolvimento. "Situações como essa exigem que estejamos mais no lugar para entender o que está acontecendo".

Os investidores estão procurando várias formas de aprofundar sua compreensão sobre a política local. Sammy Simnegar, gestor de ações da Fidelity Investments, agora dedica parte do tempo que ele usava para estudar lucros corporativos para participar de conferências sobre política brasileira e turca. Há dois anos, o estrategista-chefe para mercados emergentes do Commerzbank, Simon Quijano-Evans, começou a basear as recomendações para negociação de bonds em parte em um ranking de corrupção por país ou no número de integrantes do sexo feminino nos conselhos corporativos.

Mudança de tática

A mudança nas táticas de investimento é causada por alterações nos mercados emergentes -- baixos preços das commodities, queda da renda disponível, instabilidade política elevada -- e mais. A economia da China está encolhendo, os fundos soberanos de investimento estão se desfazendo de ativos de risco, o terrorismo e os refugiados estão se espalhando e os EUA já não atuam como o xerife do mundo. Após registrar retornos anuais médios de 22 por cento no período de oito anos até 2010, o índice acionário de referência dos mercados emergentes perdeu cerca de 4 por cento ao ano desde então.

O resultado é uma mudança drástica: as empresas agora fazem os analistas aprenderem os nomes de políticos, procuradores e juízes das cortes supremas, dobram o número de viagens, monitoram os preços nos supermercados estrangeiros, rastreiam os movimentos nas lojas e leem as expressões faciais dos diretores dos bancos centrais. A fragilidade global, dizem eles, está revelando a fraqueza institucional, a corrupção, a má governança e a baixa produtividade da mão de obra -- e eles precisam estar a par de tudo isso.

"Quando o crescimento parece bom, seus números fiscais parecem bons, suas contas-correntes parecem boas, você minimiza ou ignora a política ou outros problemas da economia", disse Win Thin, chefe de estratégia para mercados emergentes da Brown Brothers Harriman, com sede em Nova York.

Da primeira parte do século até 2012, os chamados Brics -- Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -- eram vistos como investimentos sólidos, combinando populações jovens com renda disponível e recursos naturais de alto preço com uma demanda crescente.

Depois que os preços do petróleo e de outras commodities despencaram, o risco político aumentou, especialmente entre as populações com rendas reduzidas e expectativas elevadas, agora capazes de articular melhor sua discordância. Isso causou uma mudança na estratégia de investimento dos mercados emergentes a partir de uma abordagem holística para diferenciação entre as economias por qualidade de governança.

Por exemplo, após perder 63 por cento em dólares nos últimos três anos, o Ibovespa ganhou 28 por cento em 2016, mais do que qualquer outro mercado no mundo, com a especulação de que a presidente Dilma Rousseff em breve sofrerá impeachment. Embora a economia esteja atolada na pior recessão em mais de um século, é maior o otimismo de que a saída dela possa encerrar o impasse político que paralisou o país.

Sean Newman, gestor de recursos da Invesco, com sede em Atlanta, nos EUA, diz ter descoberto que não há forma de substituir as reuniões cara a cara e as "diligências em campo", dando como exemplo uma viagem ao Brasil, há um ano, que o alertou para os problemas crescentes e o fez mudar os investimentos. A Invesco administra cerca de US$ 776 bilhões em ativos.

"Aquele foi certamente um desses tipos de exercícios reveladores que reformulam sua visão", disse Newman.

Título em inglês: In the New Emerging Markets, Alpha Comes in the Form of Politics

--Com a colaboração de Phil Kuntz Para entrar em contato com os repórteres: Sangwon Yoon em Nova York, syoon32@bloomberg.net, Ye Xie em Nova York, yxie6@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier

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