Desemprego na zona do euro estimula mobilidade de trabalhadores
(Bloomberg) -- A taxa de desemprego teimosamente alta da zona do euro pode estar escondendo o fato de o mercado de trabalho ter começado gradualmente a tornar-se mais dinâmico.
O desemprego no bloco está acima dos 10% de forma quase contínua há mais de seis anos e os dados que serão divulgados na sexta-feira deverão mostrar uma extensão dessa tendência em fevereiro. Contudo, o número principal engloba grandes variações nacionais que podem estar dando impulso à mobilidade laboral.
Um caso em questão: Maria Cunha. A estudante portuguesa de engenharia civil de 22 anos está prestes a trabalhar no exterior pela primeira vez em sua vida.
Ela vê o período de seis meses como garçonete em um hotel no Chipre como uma rota para o desenvolvimento de habilidades sociais, como o idioma inglês e o trabalho em equipe, de que ela precisa para melhorar suas chances de emprego no longo prazo.
"Encontrar emprego na minha área é muito difícil em Portugal", disse Cunha. "Com essa experiência, acredito que será mais fácil eu me mudar para outro país".
A taxa de desemprego na zona do euro provavelmente tenha permanecido em 10,3 por cento no mês passado, segundo uma pesquisa da agência de notícias Bloomberg com economistas antes da publicação dos dados pela Eurostat, em Luxemburgo, na sexta-feira.
Com a exceção de uma breve queda para 9,9% em abril de 2011, a taxa está em dois dígitos desde setembro de 2009.
Na Alemanha não é bem assim. O desemprego na maior economia da região se manteve em baixa recorde de 6,2% em março. Esta é a taxa com a metodologia própria do país. A Eurostat coloca o número em 4,3% em janeiro.
Ao mesmo tempo, Portugal registrou uma taxa de 12,2% em janeiro e a vizinha Espanha, de 20,5%.
O desemprego entre os jovens, que chega a mais de 30% em alguns países, foi classificado como uma "tragédia" neste mês pelo presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que está injetando dinheiro na economia para tentar reanimar o crescimento e a inflação.
Embora Draghi esteja com dificuldades para impulsionar a inflação, o mercado de trabalho tem se movimentado, apesar de lentamente. O desemprego caiu na zona do euro em relação ao recorde de 12,1% atingido em abril de 2013.
Um estudo publicado em janeiro por Heiko Peters, economista do Deutsche Bank, mostrou que a mobilidade dentro do bloco estava cerca de 15 por cento mais elevada em 2013 do que em 2007, antes da crise.
A Alemanha é um dos destinos favoritos. Mesmo assim, os cidadãos da zona do euro que se dirigem para o país há tempos enfrentam a concorrência do Leste Europeu e essa competição não está se tornando mais fácil com a crise migratória da região, que levou 1,1 milhão de pessoas para a Alemanha apenas em 2015.
Os trabalhadores imigrantes de países como Itália e Espanha "encontrarão uma concorrência maior tanto pelos empregos mais qualificados quanto pelos menos", disse Peters.
Analisando a longo prazo, a tentativa de Maria Cunha de ampliar suas perspectivas de trabalho internacional a levou à Movinhand, uma startup que está tentando reduzir as barreiras da mobilidade laboral dentro da Europa.
Lançada por dois gregos em Londres, a empresa está focando em empregos de língua inglesa nos setores de hotelaria e saúde e tem planos de expandir-se para o da construção. O foco principal --algo que animaria Draghi-- são os jovens.
"Entre as pessoas altamente qualificadas, é fácil mudar-se de um país ao outro", disse o cofundador Andreas Marinopoulos. "Mas os jovens no início da carreira muitas vezes não têm recursos e conexões para tentarem a sorte no exterior".
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