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Otimistas em petróleo veem xisto dos EUA limitando excedente

Mark Shenk

02/05/2016 10h55

(Bloomberg) -- Os fundos de hedge estão torcendo por um rápido colapso da expansão do xisto dos EUA.

Os gestores de recursos se transformaram nos mais otimistas desde maio do ano passado depois que o petróleo West Texas Intermediate atingiu o nível mais alto em cinco meses com o otimismo de que a queda na produção dos EUA e o aumento na demanda por combustíveis vão reduzir o excedente global.

Os investidores ignoraram o aumento dos estoques que manteve a oferta em seu nível mais elevado desde 1929.

"O mercado não está concentrado no excedente de oferta atual, mas nas previsões de equilíbrio no segundo semestre do ano", disse Mike Wittner, chefe de mercados de petróleo do Société Générale, em Nova York. "O dinheiro administrado está apenas aumentando a tendência de alta".

A posição comprada dos especuladores no petróleo de referência dos EUA atingiu o nível mais alto desde 12 de maio na semana encerrada em 26 de abril, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC). As posições vendidas atingiram o nível mais baixo em 10 meses.

Os futuros do WTI subiram 7,2% na Bolsa Mercantil de Nova York na semana do relatório da CFTC e estavam em US$ 45,52 por barril às 22h21 em Hong Kong nesta segunda-feira.

Cortes de gastos

As empresas de energia reagiram aos preços mais baixos desde 2003 no início deste ano reduzindo os investimentos em exploração e desenvolvimento de novos campos.

O número de sondas de petróleo ativas caiu para 332 na semana passada, o menor desde novembro de 2009, segundo a Baker Hughes. O número representa menos de um quarto do pico de 2014.

A produção de petróleo dos EUA caiu para 8,94 milhões de barris por dia na semana terminada em 22 de abril, menor volume desde outubro de 2014, de acordo com dados da Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês).

Em 12 de abril, a agência reduziu sua projeção média para o ano todo para 8,6 milhões de barris por dia. A produção nas formações de xisto dos EUA cairá em maio ao menor nível em quase dois anos.

"A oferta dos EUA está caindo muito rapidamente e, globalmente, no segundo trimestre deste ano, pela primeira vez em mais de três anos, teremos uma contração na produção global", disse Francisco Blanch, chefe de commodities do Bank of America Merrill Lynch, em Nova York, à Bloomberg Television na sexta-feira.

"A combinação de oferta mais baixa e demanda robusta levará a uma mudança nas dinâmicas de estoque no segundo semestre do ano".

Aumentos no consumo

Os motoristas americanos estão fazendo sua parte. O consumo de gasolina nas últimas quatro semanas somou 9,4 milhões de barris por dia até 22 de abril, 5,6% superior ao do ano anterior, mostram dados da EIA.

A posição comprada dos especuladores no WTI subiu 3.136 futuros e as opções combinadas para 249.123, mostram dados da CFTC. As posições vendidas, ou seja, as apostas de que os preços cairão, recuaram 6,9%, enquanto as apostas contrárias diminuíram 0,5 por cento.

Em outros mercados, as apostas otimistas líquidas na gasolina Nymex subiram 11 por cento, para 25.964 contratos. Os futuros da gasolina aumentaram 5,8 por cento no período.

As apostas pessimistas líquidas no diesel de teor ultrabaixo de enxofre dos EUA caíram 93%, para 529 contratos, menor quantidade de posições pessimistas desde julho de 2014, enquanto os futuros subiram 5,5%.

Barris da Opep

O aumento da produção da Opep deixa o mercado de petróleo vulnerável a uma correção, disse Tim Evans, analista de energia do Citi Futures Perspective, em Nova York.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo aumentou a produção em 484 mil barris por dia em abril, para 33,217 milhões, maior volume registrado pelos dados mensais desde 1989, de acordo com uma pesquisa da agência de notícias Bloomberg com empresas, produtoras e analistas do setor de petróleo.

"Comprar mais agora resultará em mais vendas depois", disse Evans. "Em algum ponto se reconhecerá que o aumento da produção da Opep mais do que compensa a queda da produção dos EUA".