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Aço recupera apelo com retorno de emissores junk ao mercado

Sridhar Natarajan e Michelle F. Davis

05/05/2016 14h20

(Bloomberg) -- As siderúrgicas deixadas de fora dos mercados de dívidas e ações após o colapso das commodities, em 2015, estão retornando depois de os preços do metal atingirem o nível mais alto em mais de um ano.

A JMC Steel Group vem se reunindo com investidores para medir o apetite deles por uma possível venda de dívidas, disseram pessoas informadas sobre o assunto. Esta seria a primeira venda de dívidas da empresa desde 2012. As discussões surgem depois que outras siderúrgicas de classificação especulativa, incluindo a U.S. Steel e a AK Steel Holding, captaram quase US$ 1,75 bilhão em dívidas e ações na semana passada.

O fato de as empresas siderúrgicas poderem recorrer aos mercados agora mostra a amplitude do renascimento dos chamados títulos junk. Esses títulos, de alto rendimento, estão entre os ativos de melhor desempenho do mundo neste ano.

"Estas são empresas que há alguns meses não teriam acesso ao mercado", disse Ken Monaghan, gestor de recursos da Amundi Smith Breeden em Durham, Carolina do Norte, EUA. "De repente, elas estão encontrando as portas escancaradas".

As empresas estão tirando proveito das tarifas criadas para penalizar as produtoras estrangeiras por fazerem dumping do aço, o que teria ajudado a promover um aumento de 42 por cento do preço do metal neste ano. O aço e o minério de ferro também foram ajudados pela China, grande consumidora dos metais. As autoridades de política monetária da segunda maior economia do mundo flexibilizaram o crédito, o que ampliou a atividade das fábricas e contribuiu para a recuperação dos preços das propriedades.

Essa recuperação levou o Banco Mundial a revisar para cima suas projeções para o minério de ferro no período de cinco anos até 2020. A alta dos preços do aço elevou o índice Bloomberg World Basic Materials em 5,5 por cento, dando abertura às siderúrgicas para refinanciarem dívidas com vencimento nos próximos anos e limparem seus balanços.

A JMC, fabricante de tubos e conexões de aço com sede em Chicago, vem abordando os investidores e se preparando para levantar capital, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque não estão autorizadas a comentar o assunto publicamente. A emissora de grau especulativo possui US$ 1,4 bilhão em títulos e empréstimos com vencimento nos próximos dois anos, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O porta-voz da JMC, Jelani Rucker, preferiu não comentar. As negociações com investidores são preliminares, por isso é possível que as discussões não terminem em um acordo, segundo as pessoas informadas sobre o assunto.

"É correto que tentem ir aos mercados", disse Matthew Duch, gestor de recursos da Calvert Investments em Bethesda, Maryland, EUA, que administra cerca de US$ 12 bilhões em ativos. "A volatilidade provavelmente retornará e a janela que agora está aberta pode vir a se fechar".

Desafios

No início da semana, a U.S. Steel vendeu US$ 980 milhões em títulos para refinanciar dívidas, um negócio inicialmente planejado em US$ 500 milhões que acabou aumentando devido à demanda, segundo dados compilados pela Bloomberg. A BlueScope Steel vendeu US$ 500 milhões em títulos na semana passada para reorganizar linhas de crédito levantadas como parte de uma aquisição e a AK Steel Holding recorreu à alta dos mercados de ações para reforçar seu balanço.

As empresas estão tirando proveito do fato de as notas de alto rendimento dos EUA terem subido mais de 12 por cento desde que atingiram o piso, em fevereiro.

"Isto faz bastante sentido para as empresas que estão em um setor sob grandes desafios", disse Joe Mayo, chefe de pesquisa de crédito da Conning, empresa gestora global de investimentos em seguros. "Vimos algumas outras empresas com classificações de crédito mais baixas ou perfis de crédito mais desafiadores tirarem vantagem do forte sentimento sobre os yields altos no momento".