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Paixão da China por ações se estende ao mercado de opções

Kana Nishizawa

05/05/2016 15h11

(Bloomberg) -- Enquanto diminui a atividade de negociação nas bolsas da China, outra parte do mercado acionário está em ascensão.

O número de opções trocando de mãos no China 50 Exchange-Traded Fund bateu recorde no mês passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. O movimento na bolsa de valores de Xangai foi oposto, caindo a níveis raramente vistos desde 2014. Para a Old Mutual, o mercado de opções mostra que os investidores não foram convencidos pela recuperação de 13 por cento das ações chinesas a partir dos menores níveis em um ano.

"As pessoas estão pessimistas", disse Joshua Crabb, chefe de renda variável para a Ásia na unidade da Old Mutual em Hong Kong."No entanto, elas estão vendo algumas dessas ações subindo bastante. Quem é muito pessimista e está posicionado muito defensivamente, dizendo que talvez em dois meses, se os dados forem melhores e isso continuar, pode perder - então é melhor pagar um pouco de seguro para tentar proteger um pouco disso".

O ETF é o único valor mobiliário da China continental com possibilidade de negociação de opções. As autoridades liberaram os contratos no começo de 2015. O volume cresceu sem parar desde então, suportando a derrapada do mercado acionário de US$ 5 trilhões e uma repressão oficial às negociações de futuros que derrubou as transações em 99 por cento.

"O volume de negociação de índices futuros caiu desde o meio do ano passado, depois da imposição de medidas que restringem a especulação excessiva", explicou Guillaume Derville, estrategista-chefe de renda variável e derivativos para a região Ásia-Pacífico no BNP Paribas. "As opções se tornaram a alternativa para alavancagem ou hedge."

Recuperação das bolsas

O índice Shanghai Composite se recuperou do piso atingido em 28 de janeiro, graças à estabilização dos dados econômicos e da moeda do país. O indicador ainda está 42 por cento abaixo do pico alcançado em junho do ano passado e o movimento caiu. O volume diário de negócios neste ano na bolsa de Xangai é menos da metade da média de 2015. O índice subiu 0,2 por cento no fechamento do pregão na quinta-feira, sendo que o volume ficou 26 por cento abaixo da média de 30 dias.

As posições em aberto de opções em China 50 ETF bateram recorde ao passar de 750.000 contratos na semana passada, enquanto o volume em um dia atingiu o auge em abril, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Na média, 115.664 opções de compra trocaram de mãos por dia em abril, enquanto os investidores negociaram 93.988 opções de venda. Lewis Wan, diretor de investimentos na Pride Investments Group em Hong Kong, diz que os contratos são atrativos para especuladores que estavam fora do mercado de futuros por mudanças regulatórias e querem apostar em ações sem precisar pagar por elas diretamente.

Divisão igual

Os negócios com opções sugerem que os investidores se dividem quase igualmente entre os que apostam em ganhos e os que compram proteção contra quedas. A volatilidade implícita para contratos de um mês que lucram se a ETF subjacente cai 10 por cento estava apenas 0,17 ponto acima de apostas em um ganho de 10 por cento na ação na quinta-feira, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Enquanto o volume de opções em China 50 ETF dispara, os fluxos para o fundo subjacente secaram. Os investidores tiraram dinheiro pelo terceiro mês consecutivo em abril. Eles podem estar se afastando do ETF porque as divergências em termos das taxas de retorno de ações individuais no continente incentiva a escolha de ações específicas em vez da compra de um índice, disse Crabb, da Old Mutual. A China é o mercado de ações importante com pior desempenho no mundo neste ano.

Não é suficiente a demanda de investidores para que as opções prosperem em um mercado tão controlado quanto o chinês. As autoridades sabem que os mercados de capitais do país precisam ser mais sofisticados e estão testando o ambiente com opções primeiro, antes de reconstruir o mercado de futuros, de acordo com o Capital Link International Holdings.

"Para formar mercados de capitais mais profundos é preciso entrar em derivativos", disse Uwe Parpart, estrategista-chefe do banco de investimentos em Hong Kong. "Do ponto de vista regulatório, é positivo ter mais pessoas se acostumando a entender e lidar com opções, então o melhor é incentivá-las".