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Ativista enfrenta presidentes de empresas japonesas para elevar retorno de fundo

Kathleen Chu e Tom Redmond

10/05/2016 14h57

(Bloomberg) -- Tsuyoshi Maruki é um lobo solitário no Japão, onde a intolerância social a campanhas agressivas por parte de acionistas criou uma classe de ativistas amigáveis.

Não é o caso de Maruki. Quando a persuasão não funciona, ele parte para técnicas que incluem se aliar a outros investidores para expulsar executivos e mover processos judiciais para alterar práticas corporativas a fim de elevar as taxas de retorno de seu fundo de 9,7 bilhões de ienes (US$ 90 milhões).

"Se o estilo de engajamento for sempre amigável, com encontros gentis e calorosos, a gestão realmente muda?", questionou Maruki, 56 anos, que fundou a Strategic Capital Inc. em Tóquio em 2012. "A reunião provavelmente termina com um comentário como, 'Eles foram legais.'"

Mais de um ano após o primeiro-ministro Shinzo Abe introduzir um código de governança corporativa que visa tornar as empresas japonesas mais atraentes para os investidores, houve um salto no número dos chamados "fundos de engajamento", que buscam interações amigáveis com empresas para impulsionar os preços das ações.

Porém, gerar mudanças significativas tem sido uma batalha, diante da resistência das corporações japonesas. Em uma pesquisa feita junto a fundos de pensão e publicada no mês passado, algumas empresas que são alvo de ativistas afirmaram que investidores desperdiçam tempo com perguntas e reuniões inúteis e que os acionistas são muito focados em benefícios de curto prazo.

Convencer investidores também não é fácil. Mesmo tendo superado o índice de referência do mercado por dois anos seguidos, Maruki não tem visto muito interesse da parte de instituições domésticas, que frequentemente têm vínculos com empresas listadas e temem estragar essas relações de negócios.

Vitórias recentes por investidores estrangeiros --como Dan Loeb, que ajudou a convencer a Seven & i Holdings Co., proprietária da rede de lojas de conveniência Seven-Eleven, a eleger seu escolhido para a presidência-- sugerem que chegou a hora de Maruki e acionistas japoneses usarem táticas mais agressivas.

Excesso de caixa

"Precisamos ver mais expansão de fundos de ativismo agressivo porque as empresas japonesas estão com excesso de caixa e sem fazer nada", disse Masatoshi Kikuchi, estrategista-chefe de renda variável da Mizuho Securities, que publicou neste ano um livro sobre ativismo de acionistas. "Precisamos de medidas fortes de fundos agressivos."

Maruki, um advogado de fala mansa formado pela Universidade de Tóquio, trabalhou para a Nomura Securities por 17 anos antes de se tornar um dos fundadores de uma consultoria e do fundo MAC Active Shareholders Fund, que chegou a ter 444 bilhões de ienes sob gestão.

Após a condenação de seu sócio Yoshiaki Murakami --considerado um dos primeiros defensores dos direitos dos ativistas no país-- por negociação de ativos financeiros com informações privilegiadas, Maruki deixou a sociedade e montou uma empresa de venture capital para desenvolver oportunidades de investimento no Japão junto a multinacionais asiáticas.

Ele voltou ao investimento ativista em 2012. Murakami foi condenado a dois anos de prisão, mas a sentença foi suspensa após recurso. No ano passado, a Comissão de Negociação e Supervisão de Valores Mobiliários começou a investigar se Murakami tentou manipular os preços das ações. Ele diz que espera ser inocentado.