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BlackRock diz que todos devem se preocupar com dívida da China

Bei Hu

17/05/2016 11h43

(Bloomberg) -- O CEO da BlackRock, Laurence D. Fink, afirmou que "todos nós precisamos nos preocupar" com o acúmulo de dívidas da China em meio à desaceleração do crescimento, mas que continua otimista com a economia do país asiático a longo prazo. A empresa é a maior gestora de recursos do mundo, com US$ 4,7 trilhões em ativos de clientes.

"Não é possível crescer a 6 por cento e seu balanço crescer mais rapidamente que isso", disse Fink em entrevista à Bloomberg Television com Angie Lau nos bastidores de um fórum em Hong Kong, na terça-feira. "No futuro, eu preferiria ver a economia crescer 6 por cento com algum tipo de desalavancagem", disse ele.

A China, cuja desvalorização surpresa do yuan em agosto enviou ondas de choque a todo o mundo, está dividindo os maiores nomes das finanças mais do que qualquer outro mercado. Enquanto Fink disse em abril que os investidores se arrependeriam por não apostar na China neste ano porque os estímulos do governo poderão resultar em um crescimento econômico maior do que muitos esperam, o bilionário investidor George Soros disse no mês passado que a economia do país asiático, baseada em dívidas, lembra a dos EUA de 2007 e 2008, no início da crise financeira global.

O crédito novo na China teve um crescimento recorde de 4,6 trilhões de yuans (US$ 706 bilhões) no primeiro trimestre, superando o nível de 2009, pior momento da crise financeira global. A dívida total das empresas, dos governos e das famílias ficou em 247 por cento do produto interno bruto no ano passado, contra 164 por cento em 2008, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Previsão de Bass

Alguns investidores apostam que a bolha de crédito vai estourar e devastar a economia. Kyle Bass, fundador da Hayman Capital Management, empresa de hedge fund com sede em Dallas, nos EUA, disse a investidores no início deste ano que o sistema bancário da China pode ter prejuízos mais de quatro vezes superiores aos sofridos pelos bancos americanos na crise financeira.

A segunda maior economia do mundo cresceu 6,7 por cento no primeiro trimestre, dentro da faixa meta do governo, e o aumento do crédito, em março, transferiu a preocupação novamente para a durabilidade da recuperação.

O crescimento do financiamento agregado ficou abaixo das estimativas dos analistas no mês passado, em uma pesquisa da Bloomberg, depois que o fluxo recorde de crédito nos três meses anteriores levou o banco central a evitar o impulso ao crescimento a todo custo. Os bancos comerciais podem ficar mais relutantes a conceder crédito depois que os empréstimos inadimplentes atingiram o nível mais alto em 11 anos, com calotes tanto de pequenas empresas privadas quanto de grandes estatais. Os empréstimos de liquidação duvidosa subiram 9 por cento em março em relação a dezembro, para 1,39 trilhão de yuans, aumento mais rápido em três trimestres, mostraram dados da Comissão Reguladora Bancária da China nesta semana.