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China examina problemas com subscritores de emissão de títulos

Bloomberg News

17/05/2016 14h36

(Bloomberg) -- Os títulos inadimplentes na China desencadearam um jogo de acusações que está fazendo com que os subscritores sejam examinados minuciosamente pelos órgãos reguladores.

A Comissão Regulatória de Valores da China (CSRC, na sigla em inglês) disse em um comunicado publicado no dia 28 de abril que investigações de corretoras encontraram vários problemas em suas subscrições, como a falta de auditorias completas dos emissores. Algumas empresas sinalizaram a preocupação com o pagamento pouco depois da realização das ofertas, como a China Railway Materials e a Dongbei Special Steel Group.

Dez empresas deram calote neste ano no mercado de papéis onshore, número sem precedentes que já supera o total de 2015, porque o crescimento econômico mais lento em 25 anos aperta setores que já sofrem com o excesso de capacidade. Embora os subscritores de títulos devam examinar a saúde financeira do emissor, gerentes de fundos estão começando a se perguntar até que ponto eles deveriam confiar nessa informação.

"Os investidores têm que ter muita cautela hoje em dia", disse Zhang Ruirui, gerente de carteira de valores da Pacific Asset Management, unidade da China Pacific Insurance (Group) que administra o equivalente a US$ 107 bilhões em ativos de renda fixa. "Mas os subscritores precisam fazer um bom trabalho como guardiões".

Mercado

O mercado doméstico de dívida da China dobrou de tamanho em seis anos, com 33,3 trilhões de yuans (US$ 5,1 trilhões) em dívidas em abril, e as vendas dispararam 76 por cento no primeiro trimestre, para 2,6 trilhões de yuans. As taxas cobradas pela subscrição de títulos teriam chegado a 7,8 bilhões de yuans no ano até agora com base na média de taxas do setor, de 0,3 por cento, mostram dados compilados pela Bloomberg. Os três maiores subscritores foram Industrial & Commercial Bank of China, China Construction Bank e Bank of China.

Na China, os prospectos de papéis são escritos pelos principais subscritores, ao passo que nas vendas offshore eles são redigidos pelo advogado do emissor e verificados pelos subscritores, segundo Jennifer Jiang, diretora global de soluções para o renminbi do JPMorgan Chase em Pequim. A seção de fatores de risco também é menor nos materiais de venda chineses do que na documentação internacional, disse ela.

Vendas problemáticas

O China Construction Bank foi o principal subscritor na venda de notas por 1 bilhão de yuans feita pela China Railway Materials em janeiro, menos de três meses antes que o fornecedor de aço e cimento deixasse de negociar títulos na tentativa de reestruturar dívidas. O China Bohai Bank foi o principal organizador de 1 bilhão de yuans em papéis comerciais da Dongbei Special Steel com vencimento em noventa dias vendidos em dezembro, que agora estão inadimplentes. A assessoria de imprensa do China Construction Bank e o departamento de subscrição de títulos do Bohai Bank não deram retorno a e-mails com pedidos de comentários.

Em outro comunicado publicado no dia 6 de maio, a CSRC disse que estava tentando esclarecer informes da imprensa local que afirmaram que a Hua Chuang Securities tinha descumprido sua responsabilidade de subscrição de títulos e falsificado fatos em uma colocação privada para um fabricante de roupas com sede em Xiamen. Em resposta oficial da Hua Chuang Securities, a empresa disse que a corretora cumpriu todas as leis relevantes e todas as suas obrigações.

"O risco de calote na China está aumentando constantemente", disse Huang Weiping, analista sênior de renda fixa do Industrial Bank. "Está se tornando cada vez mais importante que os subscritores façam mais exames minuciosos dos emissores".