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Fundo colombiano de estabilização do preço do café está próximo

Andrew Willis

17/05/2016 11h02

(Bloomberg) -- Um novo fundo para estabilizar o preço que os produtores de café da Colômbia recebem por seus grãos poderá ser anunciado já no mês que vem e começar a operar em 2017, possivelmente protegendo os fazendeiros e permitindo que produzam de forma rentável quando os preços internacionais estiverem mais baixos.

O fundo é pensado para moderar as quedas bruscas de preço no maior produtor mundial de arábica suave lavado, segundo o chefe da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia, Roberto Vélez. Diferentemente dos mecanismos de apoio anteriores, o fundo de estabilização não cria um preço mínimo, disse Vélez.

"A construção já está 75 por cento completa", disse Vélez em entrevista, em seu escritório em Bogotá, em 13 de maio. "Será um fundo de estabilização único, que mais ou menos se autofinanciará ao longo do tempo".

O mecanismo precisará de algum financiamento externo e, para tanto, a federação manteve conversas com possíveis fontes, incluindo o governo colombiano, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, disse Vélez. Os custos de criação e capitalização do fundo não serão pagos por consumidores ou exportadores, disse Vélez.

El Niño

Os preços dos futuros de referência do arábica em Nova York estão em baixa de cerca de 9 por cento nos últimos 12 meses, mas apesar disso a queda de 20 por cento do peso colombiano ajudou a sustentar o rendimento dos produtores. Nos últimos meses, o peso ganhou força juntamente com os preços do petróleo.

"O que é triste para os produtores de café é que já não dependemos apenas de nós, mas do preço do petróleo", disse Vélez. "Se o preço do petróleo sobe, o peso ganha força e nossas receitas caem".

A Colômbia produziu uma safra de 14,2 milhões de sacas de 60 quilos em 2015, maior volume em mais de duas décadas. A estiagem ligada ao fenômeno climático El Niño reduzirá a safra deste ano para cerca de 13 milhões a 13,5 milhões de sacas, das quais 7 milhões provavelmente serão produzidas no segundo semestre, disse Vélez.

Se não fosse pelo El Niño o país poderia ter produzido 14,5 milhões a 15 milhões de sacas neste ano, um indicativo de como pode vir a ser a safra 2017, disse Vélez. O fenômeno climático La Niña, que normalmente traz chuvas acima do normal, pode representar um risco para a colheita de 2017, acrescentou.