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'Brexit', eleições nos EUA podem levar ouro a US$ 1.400

Ranjeetha Pakiam

18/05/2016 14h46

(Bloomberg) -- O ouro disparou nos primeiros meses de 2016 quando os investidores perceberam uma atitude cautelosa por parte do Federal Reserve. Uma série de riscos, desde o referendo da Brexit no Reino Unido, no mês que vem, até a eleição presidencial dos EUA, poderá elevar os preços ainda mais até o final do ano, segundo o Saxo Bank, da Dinamarca.

"Não há apenas um risco no momento", disse o chefe de estratégia de commodities Ole Hansen, que prevê que o lingote de ouro poderá subir para US$ 1.400 a onça neste ano. "Temos muitos riscos. Quando você começa a somá-los, conclui que possivelmente os riscos adicionais levarão alguns investidores a aumentarem sua exposição ao ouro ou talvez a revisitarem o ouro", disse Hansen, em entrevista por telefone, na terça-feira.

O lingote de ouro subiu 20% em 2016 em um momento em que o banco central dos EUA debate se elevará os custos dos empréstimos, enquanto seus pares no Japão e na Europa pressionam com juros negativos.

A recuperação da commodity após três anos de declínios levou o bilionário George Soros e a Eton Park Capital Management a se juntarem aos investidores que estão acumulando lingotes de ouro. Agora a atenção está mudando para o referendo de 23 de junho no Reino Unido, que definirá se o país continuará fazendo parte da União Europeia.

"O resultado ainda não é certo, sob nenhum aspecto", disse Hansen, que cobre o ouro e outros metais preciosos desde 1999 e opera em Hellerup, na região metropolitana de Copenhague. Embora o dólar possa inicialmente sair como vencedor de uma votação favorável à saída do Reino Unido, a decisão colocaria em dúvida o futuro do que Hansen chamou de projeto do euro para os próximos anos. Isso "poderá deixar o ouro em uma boa posição", disse ele.

O ouro à vista estava em US$ 1.271,15 nesta quarta-feira após atingir a maior alta em 15 meses, de US$ 1.303,82, em 2 de maio. Neste ano, registra o melhor desempenho entre os principais metais, depois da prata, no Bloomberg Commodity Index, com um salto de 25% em ativos em fundos negociados em bolsa. Hansen disse que o Fed provavelmente conseguirá elevar os juros apenas mais uma vez em 2016, o que não provocaria grande impacto sobre os preços.

O Saxo Bank não está isolado com sua avaliação de riscos potenciais. O banco alemão Joh. Berenberg Gossler & Co. disse que planeja aumentar seus ativos em ouro, apostando que a demanda será ampliada pela incerteza em torno do resultado do referendo do Reino Unido e da eleição nos EUA.

Na Ásia, o economista Barnabas Gan, que trabalha em Cingapura para o Oversea-Chinese Banking, continua pessimista em relação ao ouro, mas revisou sua perspectiva para o final do ano, em parte devido ao temor pela Brexit.