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Taxa sombra mostra que ajuste do Fed foi maior do que se pensa

Rich Miller

18/05/2016 16h39

(Bloomberg) -- A presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, e seus colegas ajustaram a política monetária muito mais do que sugerem os aumentos da taxa de juros implementados por eles. É que eles fizeram isso nas sombras.

A chamada taxa de juro sombra aumentou cerca de 300 pontos-base desde meados de 2014 até o final do ano passado porque o banco central reduziu e depois fechou seu programa de aquisição de ativos e preparou tudo para seu único aumento das taxas, implementado em dezembro. O crescimento da taxa sombra ajudou a alimentar uma alta do dólar que reduziu as exportações e o crescimento econômico dos EUA, segundo James Hamilton, professor de Economia da Universidade da Califórnia em San Diego.

"O aumento das taxas feito pelo Fed em dezembro não foi o começo do ciclo de ajuste", disse Peter Schiff, presidente da Euro Pacific Capital em Westport, Connecticut. "Se você analisar a taxa sombra, o ciclo de ajuste começou dois anos antes".

Medidas pouco convencionais

A taxa sombra serve como forma de medir o impacto econômico das medidas menos convencionais das autoridades do Fed, como a flexibilização quantitativa e o guidance futuro, após eles terem quase zerado a taxa real. Ela é calculada com base na relação histórica entre a taxa do Fed e o restante da curva de yields, especialmente nos prazos mais curtos. A taxa sombra recuou para valores cada vez mais negativos de 2009 até meados de 2014, porque as políticas do Fed reduziram as taxas dos títulos do Tesouro dos EUA e outras de curto prazo para zero.

Depois, a taxa sombra aumentou à medida que as outras taxas subiam com o fim do programa de flexibilização quantitativa do Fed e com a expectativa da primeira alta dos juros no final do ano passado.

Alta do dólar

Embora a taxa sombra possa indicar uma política mais estrita, Yellen e seus colegas sustentam que o simples tamanho do balanço do Fed - atualmente o recorde de US$ 4,5 trilhões - respalda a economia mesmo que o banco central já não esteja o ampliando com aquisições de ativos. E os juros de prazos mais prolongados, como o yield sobre a nota do Tesouro com vencimento em dez anos, estão mais baixos do que há dois anos, quando a taxa sombra começou a subir.

O dólar começou a avançar em meados de 2014, quando a taxa sombra começou a subir. E a apreciação da moeda teve um impacto perceptível na economia, reduzindo o crescimento no ano passado em cerca de um ponto percentual, segundo Michael Feroli, economista-chefe para os EUA do JPMorgan em Nova York. O PIB se expandiu 2 por cento em 2015 com base no avanço entre o quarto trimestre do ano anterior e o quarto trimestre desse ano, frente a 2,5 por cento em 2014.

"Embora por enquanto o Fed tenha aumentado os juros só uma vez e em 25 pontos-base, o abandono da expansão enorme do balanço e do guidance futuro pode ter sido o equivalente não convencional a até 300 pontos-base" de ajuste, disse Feroli em uma nota para clientes no dia 6 de maio.