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Estratégia da Opep funciona e Kuwait prevê petróleo a US$ 50

Wael Mahdi, Zainab Fattah e Manus Cranny

19/05/2016 11h55

(Bloomberg) -- A estratégia da Opep para defender participação de mercado em vez de mirar o preço está funcionando: o petróleo está subindo devido ao aumento da demanda e à queda da produção, por exemplo, dos poços de xisto dos EUA, disse o ministro interino do petróleo do Kuwait.

O petróleo encerrará o ano a US$ 50 o barril e o mercado se reequilibrará no terceiro ou no quarto trimestre, disse Anas Al-Saleh, em entrevista na quarta-feira na capital do emirado. O Kuwait respeitará a estratégia da Opep de continuar bombeando para conseguir clientes, disse. A demanda está crescendo e cerca de 3 milhões de barris em oferta diária de petróleo foram perdidos por interrupções ou porque alguns produtores foram retirados do mercado com base no preço.

A teoria da Opep para a participação de mercado "vem funcionando bem", disse Al-Saleh, que também é ministro das Finanças e vice-primeiro-ministro. "Agora vemos melhores preços no mercado, a demanda vem crescendo -- em parte por causa das interrupções no Canadá, na Líbia, na Nigéria e no petróleo de xisto."

Os preços do petróleo caíram mais de 35 por cento desde uma reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo realizada em novembro de 2014. Na ocasião, o Kuwait se uniu à Arábia Saudita para liderar o grupo de produtores em uma mudança de estratégia, deixando de respaldar os preços para defender participação de mercado contra a produção de custo mais elevado, como o xisto dos EUA. O declínio nos preços e na receita do petróleo pressionou o orçamento oficial do Kuwait. O petróleo brent, que é usado como referência e se recuperou desde que atingiu a maior baixa em 12 anos, em janeiro, chegou a cair 3,2 por cento nesta quinta-feira.

Os produtores de petróleo do Golfo Pérsico estão reduzindo os subsídios à energia e cortando parte dos investimentos. Uma greve realizada no mês passado pelos petroleiros do Kuwait reduziu a produção de petróleo do emirado pela metade porque milhares de funcionários deixaram de trabalhar em protesto contra uma redução de benefícios.

"Estamos mantendo a estratégia pela participação de mercado", disse Al-Saleh. "Estamos planejando nossa produção e investindo pesadamente na nossa indústria."

A Opep se reunirá em 2 de junho em Viena, em uma reunião na qual, na opinião de Al-Saleh, os produtores continuarão as discussões a respeito da estratégia. No mês passado, fracassaram as negociações entre a Opep e outros grandes produtores para congelar a produção e, assim, reduzir o excedente global. O motivo é que a Arábia Saudita e seus aliados no Golfo Pérsico não quiseram fechar acordo sem que houvesse a participação de todos, incluindo o rival regional Irã. Para que qualquer limite à produção funcione "todos precisam congelar", disse Al-Saleh. Ele não comentou que decisão acredita que será tomada pela Opep na reunião.

"Se na reunião de junho o preço de mercado estiver onde está agora provavelmente haverá um bom entendimento e talvez até diálogo entre os membros da Opep", disse.