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Para o JPMorgan, Apple é o maior risco para as ações de Taiwan

Justina Lee

19/05/2016 15h58

(Bloomberg) -- Para quem investe no mercado de ações de Taiwan, de US$ 841 bilhões, Tim Cook é mais importante que Tsai Ing-wen.

Embora a chegada de Tsai, uma política pró-independência, à presidência de Taiwan, na sexta-feira, tenha gerado temores quanto à piora das relações com a China, a JPMorgan Asset Management e a BlackRock dizem que o maior risco é a desaceleração do mercado global de smartphones.

A Apple reportou seu primeiro declínio trimestral nas vendas em 13 anos e o CEO Tim Cook reconheceu, em 26 de abril, que -- nove anos após a estreia do iPhone, um divisor de águas -- o mercado havia "parado de crescer". Trata-se de uma má notícia para as maiores empresas da ilha, que ajudam a construir os aparelhos. A Taiwan Semiconductor Manufacturing e a Hon Hai Precision Industry reportaram quedas nos lucros no último trimestre.

A confiança do investidor no mercado de ações de Taiwan reflete "a demanda por exportação, e, de longe, o fator dominante de demanda por exportações são os eletrônicos e a Apple em particular", disse Howard Wang, chefe para a grande China em Hong Kong da JPMorgan Asset Management, empresa que administrava US$ 1,7 trilhão até 31 de março. "Qualquer fator negativo de Tsai pode facilmente acabar se o iPhone 7 vender bem".

Ligação estreita

As exportações respondem por dois terços da economia de Taiwan, sendo que os equipamentos e maquinários elétricos compreendem a metade das vendas ao exterior. Tsai, que sucederá Ma Ying-jeou nesta sexta-feira após vencer as eleições em janeiro, não tem mostrado sinais de que aceitará o princípio de que a ilha e a China fazem parte de "uma só China" -- um entendimento que sustentou oito anos de melhora nos laços no Estreito de Taiwan.

Os investidores estrangeiros retiraram um total líquido de US$ 2,2 bilhões das ações de Taiwan neste trimestre, maior volume entre oito mercados asiáticos monitorados pela Bloomberg, em um momento com mais sinais de piora do mercado de smartphones. Um indicador enfocado nas empresas de tecnologia do MSCI All-Country World Index apresenta o pior desempenho entre 10 grupos industriais no período, com queda de 4,5 por cento, e a Apple registrou declínio de 13 por cento.

As saídas de capital revertem a tendência de março, quando fundos internacionais injetaram US$ 5 bilhões no mercado de ações da ilha, maior volume desde 2007. As ações subiram porque o maior ganho mensal da Apple em quase três anos elevou a confiança em suas fornecedoras e a vitória de Tsai, cujo Partido Progressivo Democrata obteve maioria legislativa pela primeira vez, não provocou uma reação negativa significativa da China.

Para Stevie Chou, chefe de ações da Manulife Asset Management (Taiwan) em Taipé, Tsai provavelmente não vai querer aborrecer a China. Ele prefere empresas ligadas à biotecnologia e à defesa nacional, que estão entre os setores ressaltados pela campanha dela.

"O fato de Taiwan ter um governo que não está interessado na unificação com a China não é novidade", disse Chou, em referência a dois presidentes anteriores que se inclinavam à independência. "Tsai não vai provocar a China. Ela se concentrará nos problemas econômicos e sociais".