Populista surge como opção no México contra corrupção
(Bloomberg) -- O descontentamento com a corrupção no México é tão avassalador que os eleitores cogitam, na eleição de domingo, sacrificar importantes reformas da educação e da economia por uma chance de derrubar os políticos que consideram culpados por esse sentimento.
Pelas veias das eleições de 5 de junho para governador corre o despertar do populismo, personificado em Andrés Manuel López Obrador, 62, que disputou duas vezes a eleição presidencial e é conhecido como AMLO. Ele tem protestado contra a corrupção no governo, mas também levantou temores no passado de que colocaria os pobres contra o restante do país e recentemente criticou as avaliações dos professores, cujos protestos aumentaram em alguns estados.
As eleições para governador em 12 estados ajudarão a responder se essa mensagem anticorrupção atrairá os eleitores antes afastados por suas políticas divisórias. O desempenho dos candidatos de seu novo partido, o Morena, nas eleições de estados devastados pela corrupção, como Veracruz, poderia servir de termômetro para as eleições nacionais de 2018 -- e, mais adiante, para a possível terceira tentativa de López Obrador de chegar à presidência.
"Não tenho dúvidas que López Obrador terminará em primeiro ou segundo lugar" na eleição presidencial, disse José Antonio Crespo, analista político do Centro de Pesquisa e Docência Econômicas na Cidade do México. "Não acho que seria bom ter López Obrador como presidente, mas muitos pensam que sim, porque todas as outras alternativas foram esgotadas".
Primeiro virá o teste em Veracruz, estado visto como um microcosmo do descontentamento em relação aos políticos que se espalhou pelo México, a começar pelo presidente Enrique Peña Nieto. O índice de aprovação do presidente caiu para 30 por cento após a desaparição de 43 estudantes de magistério, presumivelmente com a ajuda da polícia, e em meio a acusações de que empreiteiras do governo construíram casas para ele e sua esposa. Mais recentemente, ele foi criticado por atrasos na aprovação de leis anticorrupção.
A corrupção e a impunidade não são problemas novos no México, mas estão provocando uma revolta pública maior, em parte devido à insatisfação com os partidos que estão no poder, tendência que na América Latina contribuiu para o afastamento da presidente Dilma Rousseff no Brasil e, nos EUA, para a ascensão de azarões como Donald Trump e Bernie Sanders, diz Andrew Selee, do Centro Internacional para Acadêmicos Woodrow Wilson em Washington. A corrupção é a maior preocupação dos mexicanos depois da violência, diz um novo estudo de uma agência do governo.
"O descrédito dos três partidos que dominam a política no México realmente abre oportunidades para López Obrador", disse Selee, vice-presidente-executivo do centro. "Se ele puder mostrar que o Morena é um partido sério, mesmo nas eleições locais, é muito mais provável que outros setores da esquerda o acompanhem".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.