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Opep descarta limite à produção de petróleo e encontra unidade

Angelina Rascouet, Nayla Razzouk e Golnar Motevalli

03/06/2016 08h54

(Bloomberg) -- A Opep manterá sua política de produção sem restrições após seus integrantes rejeitarem a proposta para adotar um novo teto de produção, mas os ministros estavam unidos pelo otimismo em relação à melhora dos mercados internacionais de petróleo.

Apesar de os preços do petróleo terem caído brevemente após a reunião de quinta-feira, houve pouca mostra do rancor que pontuou a reunião de dezembro passado. Com a atmosfera mais harmoniosa, o grupo conseguiu nomear um novo secretário-geral --Mohammed Barkindo, da Nigéria-- algo sobre o qual não havia acordo desde 2012.

"A atmosfera da reunião de hoje estava calma, sem nenhuma tensão", disse o ministro iraniano do Petróleo, Bijan Zanganeh, cujas divergências com seu par saudita haviam perturbado as reuniões anteriores. Existe uma "unidade muito boa" entre os integrantes da organização, disse ele.

A mudança de humor reflete dois acontecimentos: um ministro de Petróleo da Arábia Saudita determinado a fazer de sua primeira reunião um sucesso e, mais importante, a escalada de 80 % dos preços do petróleo desde janeiro, que deixou os ministros confiantes de que a estratégia adotada há dois anos pela Opep, de tentar conquistar participação de mercado das produtoras de custo mais elevado, está funcionando.

"Existe uma forte disposição de restabelecer a credibilidade da Opep, de fortalecer sua voz e também de levar uma estabilidade maior para o mercado do petróleo", disse Alexandre Andlauer, chefe de petróleo e gás da empresa de pesquisa financeira AlphaValue. "Esta é uma clara ambição saudita."

Embora os analistas concordem que a oferta e a demanda no mercado global de petróleo estão muito mais próximas do equilíbrio que em dezembro, continua havendo obstáculos para que a Opep reconquiste o poder de mercado de que desfrutou algum dia.

As relações entre os dois membros mais poderosos do grupo -- a Arábia Saudita e o Irã -- continuam tensas devido à rivalidade regional entre eles, os estoques globais estão em níveis recorde e as interrupções dos campos do Canadá e da Nigéria, que ajudaram a elevar os preços, podem ser temporárias.

O petróleo brent chegou a cair com a notícia de que não houve acordo de produção na Opep antes de subir e atingir o nível mais alto em sete meses em Londres depois que os EUA reportaram uma queda em seus estoques.

Os preços permaneciam pouco alterados nesta sexta-feira, com o petróleo de referência internacional subindo 14 centavos de dólar, para US$ 50,18 o barril, às 14h16, pelo horário de Cingapura. Esse tipo de petróleo ainda está a menos da metade do valor de antes de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo decidir bombear a pleno vapor em 2014.

"A Opep está de volta e mais forte", disse Barkindo em sua primeira entrevista após conseguir seu segundo mandato como principal autoridade do grupo. "Trabalharemos para reconquistar a unidade da organização e a confiança da comunidade internacional."