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Goldman Sachs enxerga risco elevado de queda forte no mercado

Luke Kawa e Andrew Cinko

08/06/2016 15h44

(Bloomberg) -- "Com o S&P 500 próximo a altas históricas, avaliações inchadas e falta de crescimento, o risco de declínio parece elevado".

É o que diz o diretor-gerente do Goldman Sachs, Christian Mueller-Glissmann, que ressalta que ocorrem quedas de mais de 20 por cento de forma relativamente frequente nas grandes bolsas, que causaram preocupações de natureza global nos últimos tempos. Com uma possível Brexit, as eleições presidenciais dos EUA e o Fed aparentemente comprometido a continuar elevando as taxas de juros, este nível de evento de risco certamente está sobre a mesa.

Ele acrescenta que a calma transmitida pelos baixos níveis do Chicago Board Options Exchange Volatility Index esconde a fragilidade dos mercados, que se tornaram mais suscetíveis a declínios abruptos.

A notícia especialmente ruim para os investidores é que é mais difícil fazer hedge contra uma queda assim. Com o aumento das correlações entre os mercados acionários regionais é mais difícil esconder-se em ações internacionais, as ações defensivas e os ETFs de baixo volume têm subido e os yields dos títulos continuam em níveis ultrabaixos.

Como os yields dos títulos não estão descontando suficiente inflação, na opinião de Mueller-Glissmann, uma tradicional alocação de ativos 60/40 entre ações de títulos se sairá particularmente mal na eventualidade de um colapso das ações porque a relação negativa entre ações e títulos diminuirá.

"Durante as quedas do S&P 500 em agosto de 2015 e no início de 2016 os títulos ofereceram um hedge menos efetivo, com os retornos mensais de um portfólio padrão 60/40 caindo para -5 por cento, declínios muito maiores que durante a crise da zona do euro e o 'medo do crescimento' global de outubro de 2014", escreve ele.

Mueller-Glissmann acredita que um overwriting sistemático, no qual um investidor recebe um ágio por vender exposição à subida de uma de suas posições, é uma melhor forma de hedge para o risco de uma ação do que a compra de futuros ou opções de venda VIX.

O estrategista não acredita que qualquer queda rápida das ações seja limitada e vê o risco de recessão dos EUA como baixo e os juros como um incentivo às avaliações dos ativos. Contudo, na eventualidade de que essa queda forte venha a acontecer, a recuperação pode vir a ser muito fugaz, alerta ele.

"Com as ações na extremidade superior de sua faixa atual, acreditamos que as ações oferecem baixa assimetria, com pouca possibilidade de retorno e potencial para quedas mais frequentes e maiores", escreve Mueller-Glissmann. "E embora a ação de 'comprar na baixa' venha funcionando desde 2014, os investidores estão cada vez mais preocupados em relação ao catalisador da recuperação na próxima queda em um momento em que a capacidade dos bancos centrais está sendo cada vez mais questionada e o crescimento global e a inflação continuam teimosamente baixos".

Em maio, analistas do Goldman, liderados por Mueller-Glissmann, rebaixaram as ações globais para neutro, aconselhando os investidores a optarem por dinheiro vivo e dívidas corporativas.