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Mineradoras reduzem dívidas de liquidação duvidosa em US$ 60 bi

David Stringer e David Yong

10/06/2016 10h57

(Bloomberg) -- As mineradoras estão retornando à boa forma financeira e cortaram o montante de títulos de liquidação duvidosa em pelo menos US$ 60 bilhões, dando novo impulso às perspectivas para o setor no momento em que as commodities estão entrando em um bull market.

A Anglo American e a Glencore estão entre as empresas cujas notas já não aparecem nas listas de dívidas distressed denominadas em dólares americanos após a venda de ativos e a redução de dividendos para reforçar seus balanços, segundo a Bloomberg Intelligence. O montante de títulos de metais e de mineração que está sendo negociado a níveis distressed caiu neste mês para US$ 26 bilhões após o pico de US$ 86 bilhões registrado em fevereiro, mostram os dados.

"Houve um grande nível de autoajuda, seja por meio da venda de ativos ou do corte de custos, seja pela racionalização das despesas de capital, para melhorar o fluxo de caixa", disse Anthony Ip, especialista do setor de crédito do Citigroup em Sidney. "No nível macro, ocorreu uma alta nos preços das commodities e o mercado parece mais confortável com os riscos da China e isso está ajudando o sentimento."

As commodities entraram em um bull market, encerrando cinco anos de queda, porque as restrições de oferta elevaram os preços de tudo, da soja ao zinco, enquanto o Citigroup disse no mês passado que as matérias-primas haviam virado a página após o maior colapso em uma geração. As mineradoras cortaram produção deficitária, reduziram custos e quebraram as promessas de que continuariam aumentando os pagamentos aos investidores para mitigar o impacto da queda dos preços.

Notas emitidas por empresas como a produtora de cobre Freeport-McMoRan e a produtora de minério de ferro Fortescue Metals Group também já não estão sendo negociadas a níveis distressed, segundo Richard Bourke, da Bloomberg Intelligence. A análise focou em títulos com mais de US$ 100 milhões em circulação que eram negociados com spreads superiores a 1.000 pontos-base. Spreads tão grandes muitas vezes são considerados uma definição de distress, segundo Bourke.

A Moody's Investors Service, que em janeiro iniciou uma avaliação em todo o setor da mineração que levou a 36 rebaixamentos da classificação de crédito, elevou no mês passado a perspectiva da classificação para dívida principal não garantida Ba3 da Anglo de negativa para positiva como resultado das receitas melhores que o esperado com a venda de ativos. Em abril, a Anglo fechou acordo para venda de seus negócios de nióbio e fosfato por US$ 1,5 bilhão.

As mineradoras anunciaram US$ 27 bilhões em vendas de ativos pendentes e concluídas neste ano, incluindo o acordo de US$ 2,65 bilhões da China Molybdenum para aquisição da participação da Freeport na mina de cobre e cobalto Tenke Fungurume. Isso está diminuindo o temor em relação à dívida das produtoras, mesmo com os preços das matérias-primas sendo negociados cerca de 50 por cento abaixo do pico de 2011.