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Osborne pede que empresas exponham preocupações com Brexit

Simon Kennedy e Svenja O'Donnell

13/06/2016 14h46

(Bloomberg) -- O chanceler britânico, George Osborne, pediu que as empresas pró-União Europeia exponham suas preocupações depois que pesquisas de opinião sugeriram que o voto favorável à saída do bloco está ganhando força.

"As pessoas, as empresas e os investidores que estão preocupados com a perspectiva de o Reino Unido sair da UE deveriam falar a respeito", disse Osborne, em entrevista à Bloomberg TV em Liverpool, nesta segunda-feira. "Este não é o momento das empresas ficarem de fora".

O pedido surge no momento em que o ex-primeiro-ministro Gordon Brown, do partido trabalhista, se prepara para relançar a campanha do partido de oposição em favor da permanência do Reino Unido no bloco. Como o partido conservador, de Osborne, está dividido em relação ao referendo, a campanha pela permanência espera que o partido trabalhista possa convencer os eleitores indecisos a apoiarem sua campanha no momento em que as pesquisas sugerem um resultado difícil.

"Faz sentido estabelecer padrões mínimos em toda a Europa", disse Brown, em um discurso, em Leicester, região central da Inglaterra. "Salário-maternidade, igualdade entre gêneros, férias remuneradas, teto para a carga horária de trabalho semanal -- tudo isso se favoreceu por causa da Europa".

Mais a fazer

Osborne fez o comentário após um discurso no Festival Internacional dos Negócios. Ele e o primeiro-ministro David Cameron lideram a campanha pela permanência do Reino Unido na UE e muitos sugerem que a continuidade de ambos em seus cargos ficará insustentável se o país decidir pela saída.

Indagado se continuaria no cargo que ocupa há seis anos na eventualidade de Brexit, Osborne disse que tem "muito mais a fazer", acrescentando: "Isto não se resume ao meu emprego. O que está em jogo é o futuro econômico do país".

A preocupação em relação à perspectiva de Brexit sacudiu os mercados financeiros nesta segunda-feira depois que uma pesquisa mostrou, no final da semana passada, uma liderança por 10 pontos a favor da saída da UE. As ações internacionais caíram pelo terceiro dia seguido e a libra atingiu o menor valor em oito semanas antes de recuperar-se para US$ 1,4276 às 15h51 pelo horário de Londres. O yield dos títulos soberanos britânicos de 10 anos caiu para 1,22 por cento, próximo a uma mínima recorde.

Enquanto o lado da saída se concentra na imigração, Osborne alerta para os riscos econômicos de deixar o clube de países em que o Reino Unido ingressou há 43 anos -- estratégia que, segundo as pesquisas, não está seduzindo os eleitores. A saída da UE, segundo uma análise do Tesouro, provocaria a desvalorização da libra e estimularia a inflação, disse ele.

"Sim, é claro que haveria preocupação nos mercados financeiros; sim, haveria incerteza por anos enquanto o Reino Unido definisse sua nova relação comercial com a União Europeia e, na verdade, também com outros países do mundo", disse ele. "Mas o verdadeiro desafio para o país é este: o Reino Unido ficaria permanentemente mais pobre".