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Retomada de captações do Brasil tem aumento emissão no exterior

Filipe Pacheco e Aline Oyamada

13/06/2016 16h04

(Bloomberg) -- Se havia alguma dúvida de que as empresas brasileiras iriam aproveitar a janela aberta para novas emissões no mercado internacional de títulos de dívida, a Eldorado Brasil Celulose fez questão de eliminá-la.

Em 9 de junho, a Eldorado Brasil, que tem uma nota quatro níveis abaixo do grau de investimento, vendeu US$ 350 milhões em títulos de 5 anos com vencimento em 2021 na primeira oferta no exterior de sua história. A última vez que uma empresa brasileira com nota junk realizou uma emissão pela primeira vez foi em julho de 2014. Os investidores geralmente relutam em conceder empréstimos a empresas de alto risco com um histórico de crédito desconhecido.

Os títulos da Eldorado Brasil são parte de uma retomada das captações no exterior que tem acontecido desde que Michel Temer se tornou presidente interino no mês passado, alimentando o otimismo dos investidores de que um novo governo irá recuperar as finanças do país e tirar a economia de sua pior recessão em mais de um século. No período entre 17 de maio e 9 de junho, empresas brasileiras captaram US$ 9,6 bilhões em emissão de títulos de dívida no exterior ? mais do que durante todo o ano de 2015.

"Há espaço para novas emissões que eram vistas como impossíveis há alguns meses", disse Klaus Spielkamp, chefe de renda fixa da corretora Bulltick, em Miami.

A Eldorado Brasil, que vendeu seus títulos com um yield de 8,875 por cento, não foi a única empresa brasileira a emitir dívida no exterior na semana passada. A Vale e a Cosan também recorreram ao mercado de títulos no exterior, parte de uma disparada das empresas com sede nos países em desenvolvimento. Essas empresas e esses países dos mercados emergentes venderam US$ 14,5 bilhões em dívida até o momento neste mês em meio à especulação de que a desaceleração do crescimento dos EUA impedirá o Federal Reserve de elevar as taxas de juros.

A emissão de títulos é "estratégica" para a Eldorado porque marca o começo de uma relação de longo prazo com investidores do exterior no momento em que a empresa está se preparando para vender ações assim que vir uma janela de oportunidade, disse o CEO José Carlos Grubisich em uma entrevista por telefone de São Paulo.

Enquanto empresas brasileiras têm visto seus custos de empréstimos caírem neste ano com a saída temporária da presidente Dilma Rousseff, seus títulos de dívida corporativa ainda pagam 3,5 pontos percentuais a mais do que o de seus pares nos mercados emergentes.

Isso faz com que esses títulos sejam atraentes para os investidores que desejam aumentar os retornos em meio a taxas de juros negativas em muitos lugares do mundo.

"Este é potencialmente um bom momento para empresas brasileiras emitirem títulos de dívida", afirmou David Tawil, cofundador da Maglan Capital, com sede em Nova York. "O prêmio sobre a renda fixa brasileira é interessante e esta é uma boa oportunidade para que os investidores obtenham rendimento".

(Com a colaboração de Gerson Freitas Jr., Ye Xie e Vinícius Andrade)