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Investidores se preparam para o pior após renúncia do presidente da Oi

Filipe Pacheco e Fabiola Moura

14/06/2016 14h26

(Bloomberg) -- Detentores de títulos de dívida da Oi estão se preparando para o pior após a inesperada renúncia do presidente Bayard Gontijo no momento em que a empresa negocia a reestruturação de parte da dívida de quase R$ 50 bilhões.

O US$ 1,8 bilhão em títulos da Oi com vencimento em 2020 caíram para uma baixa recorde de US$ 0,218 após o anúncio da renúncia. Esse patamar sinaliza que os detentores têm pouca confiança de que a empresa consiga honrar sua dívida, inclusive os 231 milhões de euros de notas que vencem no próximo mês.

A saída de Bayard é o mais recente golpe dos últimos anos para a empresa carregada de dívidas. Em outubro passado, a Oi fechou um acordo para o bilionário russo Mikhail Fridman injetar dinheiro em uma fusão com a Tim, unidade brasileira da Telecom Italia, mas o negócio fracassou em fevereiro.

A operadora de telefonia, que enfrenta dificuldades desde que contraiu dívida como parte de sua problemática fusão com a Portugal Telecom em 2013, é responsável por parte do sistema de telefonia fixa do Brasil, o que tem sido um fardo diante das metas de expansão e manutenção da rede obsoleta.

"A situação é ruim e a cada dia piora", disse Adeodato Volpi Netto, chefe de mercados de capital da Eleven Financial Research. "O Bayard estava endereçando de forma dura o que tinha que ser endereçado. A sensação agora é que tem uma série de coisas undisclosed que só vão aparecer no dia em que explodir".

Bayard, de 44 anos, - o segundo presidente da Oi a renunciar em menos de dois anos - discordou de alguns membros do conselho sobre como proceder com as negociações com os credores e decidiu renunciar para permitir que as negociações continuassem avançando rapidamente, segundo uma pessoa a par do assunto que pediu anonimato porque não tem autorização para falar publicamente.

Investidores em títulos de dívida e que estão em negociação com a empresa se surpreenderam com o anúncio da saída do CEO, que se reuniu com eles recentemente, de acordo com outra pessoa, que pediu para não ser identificada porque as discussões são privadas.

As conversas sobre reestruturação avançavam e há duas semanas seis investidores assinaram acordo de confidencialidade para ter acesso a informações da empresa, disseram as pessoas.

A Oi não quis comentar a respeito dos planos de reestruturação ou dos pagamentos de títulos da dívida.

A empresa com sede no Rio de Janeiro também tem R$ 1,1 bilhão em debêntures com vencimento em setembro.

Bayard "estava profundamente envolvido nas negociações com os credores", disse Marcelo Lima, gestor de trading de renda fixa da INTL FCStone Securities, em Miami. "Vê-lo sair de repente gera temores de que existam problemas ainda desconhecidos dentro da empresa. A Oi perdeu credibilidade como um todo e se não renegociar a dívida não terá nenhuma chance de sobreviver".

--Com a colaboração de Cristiane Lucchesi