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Máquina supera humanos na busca por antecipar piso do mercado

Dani Burger

15/06/2016 15h48

(Bloomberg) -- Em um ano historicamente ruim para os hedge funds, um de seus parentes mais próximos está prosperando.

Os fundos quantitativos (ou "quants") dirigidos por computadores, que escolhem ações com base em fatores como impulso e tamanho, são a única categoria de hedge fund a comprar ações adicionais em 2016, mostram dados do Credit Suisse. A jogada compensou no momento em que o S&P 500 Index se rastejava a uma distância surpreendente das altas históricas, enquanto os gerentes de hedge fund se ocupavam de livrar-se das ações.

Trata-se de uma espécie de redenção da estratégia que não funcionou no primeiro trimestre. Após as mínimas de fevereiro, a tática ajudou os analistas quantitativos a aproveitarem a alta da energia que os gestores adeptos da análise fundamental deixaram passar, segundo Mark Connors, chefe global de assessoria de risco do Credit Suisse. Como resultado, os fundos dirigidos por computadores estão entre os poucos beneficiários de uma alta que adicionou mais de US$ 250 bilhões às ações do setor de energia.

Um elemento da análise quantitativa se concentra na velocidade de oscilação dos preços, uma quantidade expressada como taxa de mudança.

"Quando a taxa de mudança dos preços foi às alturas, ficando 30 por cento a 70 por cento mais alta, os analistas não ignoraram esse impulso. Eles não apenas têm uma lente e um processo que captou essas mudanças, mas também foram capazes de deixar as posições vendidas e adotar posições compradas para essas empresas enquanto elas subiam", disse Connors. "Quem usa análise fundamental tem um gatilho mais lento. Estes investidores observam dados trimestrais, pressões competitivas e outras dinâmicas do setor e detalhes específicos das empresas."

Desde o patamar mínimo de fevereiro os analistas quantitativos monitorados pelo Credit Suisse ampliaram sua exposição às ações em 11 pontos percentuais, enquanto o indicador dos hedge funds tradicionais caíram mais de 1 por cento. No mesmo período, o S&P 500 subiu 16 por cento, aumentando os retornos dos analistas quantitativos no ano para até 8 por cento, segundo Connors. Ao mesmo tempo, os melhores entre os hedge funds permaneceram estagnados.

Para alguns, trata-se de uma bofetada na causa do julgamento humano no mercado de ações. Os aportes de informação que não estão profundamente centrados em modelos matemáticos, como avaliações de setor e visões econômicas, fizeram os gestores manterem apostas pessimistas para a energia. Apesar de eles terem sido forçados a se cobrirem quando os preços da energia subiram, as posições curtas se mantiveram em um nível de 20 por cento a 60 por cento das ações disponíveis entre os fundos monitorados pelos serviços financeiros preferenciais do Credit Suisse.

Entre os grandes dados de informação usados pelos fundos quantitativos típicos estão a avaliação e o impulso, disse Abhra Banerji, diretor de pesquisa quantitativa da Evercore ISI. Como as ações sensíveis às commodities vinham sendo vendidas com muita força, provavelmente a entrada de informação da avaliação dos fundos quantitativos acendeu um alerta de compra, disse ele.

"A parte do modelo relativa ao valor teria sugerido uma posição comprada para a energia há seis meses. A parte do impulso do modelo estaria sugerindo uma posição comprada para a energia agora", disse Banerji. "Definitivamente, neste momento, mais ações de energia são ações com impulso do que antes."