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Medo crescente de Brexit amplia apostas em libra mais fraca

Anooja Debnath

15/06/2016 12h09

(Bloomberg) -- O montante apostado na queda da libra para os níveis da década de 1980 mais do que dobrou nos últimos três meses.

Faltando pouco mais de uma semana para o referendo do Reino Unido sobre a adesão à União Europeia, cada vez mais as pesquisas sugerem que a saída é uma possibilidade real. Os investidores estão respondendo a isso reforçando sua proteção contra os declínios da libra e neste ano já apostaram 25 bilhões de libras (US$ 35 bilhões) em opções que lucrariam se a moeda caísse para US$ 1,35 ou menos após o referendo de 23 de junho.

Trata-se de uma queda de mais de 4 por cento em relação aos níveis atuais, que colocaria a libra abaixo do nível de 2009, de US$ 1,3503, revisitando taxas vistas pela última vez em setembro de 1985. O recente clamor por hedge, particularmente quando os custos de proteção atingiram altas recorde, mostra que os investidores de repente estão menos desdenhosos em relação à perspectiva do Reino Unido deixar o maior mercado comum do mundo.

"O mercado da libra e de proteção à libra está sendo conduzido pelas pesquisas de opinião", disse Alvin T. Tan, estrategista de câmbio em Londres do Société Générale, que no fim de 2015 alertou sobre os riscos da votação da UE quando o grosso do mercado previa uma libra mais forte. "Há cerca de duas semanas o mercado ainda estava bastante complacente".

Hedge alternativo

Tan ainda não dá a Brexit como certa e prevê que a libra encerrará o ano com pouca alteração, em US$ 1,42, contra cerca de US$ 1,4160 na quarta-feira em Londres. Ele prevê que, se o Reino Unido optar por sair, a libra cairá para US$ 1,30 duas semanas após o referendo, com uma queda de longo prazo para US$ 1,20. O hedge dos prejuízos da libra ficaram muito caros, disse ele, que recomenda a venda do euro contra o dólar com base na presunção de que o contágio da Brexit se propagará.

Dos 25 bilhões de libras apostados por meio de opções em 2016, 3,6 bilhões de libras foram alocados neste mês, quando as pesquisas começaram a mostrar uma liderança consistente, com vários pontos percentuais de diferença, da campanha pela saída do Reino Unido da UE. O valor total dos contratos está em alta em relação aos 11 bilhões de libras do fim de março, cerca de um mês depois do anúncio do referendo, segundo dados da Depository Trust & Clearing.

A libra atingiu o menor valor em dois meses na terça-feira depois que a pesquisa realizada pela TNS U.K. mostrou uma liderança de sete pontos percentuais daqueles que querem sair da Europa -- a última de uma série de cinco pesquisas que mostraram apoio à Brexit.

A libra está em baixa de cerca de 4 por cento em relação ao dólar neste ano -- a única moeda do Grupo dos 10 a apresentar queda -- depois de eliminar, por um curto período, sua queda de 2016 no mês passado, quando as pesquisas sugeriam que a campanha pela permanência estava ganhando terreno. A mediana das estimativas das pesquisas da Bloomberg mostram ganhos no fim do ano, para US$ 1,48 e 74 pence por euro, contra cerca de 79 na quarta-feira.