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Saída do Reino Unido da UE pode ser 'dor de cabeça' para Colômbia

Daniel Cancel e Oscar Medina

17/06/2016 15h27

(Bloomberg) -- O medo do possível impacto caso os britânicos optem por abandonar a União Europeia chegou até a Colômbia, que alertou sobre as dificuldades de negociar novos acordos com o Reino Unido.

"Eu espero sinceramente que mais uma vez os britânicos demonstrem sua inteligência e sua visão e votem por não sair da União Europeia - acho que isso seria um grande erro", disse o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, em uma entrevista na quinta-feira. "Temos uma relação muito boa com o Reino Unido e com o restante da Europa, e começar a negociar tudo de novo com o Reino Unido é simplesmente uma dor de cabeça".

A perspectiva de que a Grã-Bretanha saia do bloco comercial após o referendo do dia 23 de junho provocou uma queda forte nos mercados acionários mundiais nas últimas semanas porque pesquisas de opinião mostraram um maior apoio à Brexit.

Santos, que estudou na London School of Economics e se autodescreveu como admirador do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, disse que os mercados estão claramente nervosos com a perspectiva da Brexit.

A Colômbia tem um acordo de livre comércio com a União Europeia.

A Brexit não é o único risco no curto prazo para a Colômbia, que está tendo dificuldades com a queda dos preços de suas exportações de petróleo, carvão e café. A S&P Global Ratings mudou para negativa a perspectiva para a nota de crédito do país neste ano. A agência disse que as perspectivas de crescimento se deterioraram em meio à queda dos preços do petróleo.

O país sul-americano interveio rapidamente para tentar diversificar sua economia e afastá-la do petróleo, disse Santos. A queda do preço do petróleo é "um mal que vem para o bem", porque a economia tinha se tornado muito dependente das exportações de matérias-primas, disse ele.

A economia receberá impulso de um acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que agora é iminente, disse Santos. A Colômbia tem realizado negociações de paz com o grupo marxista desde 2012 no intuito de chegar a um acordo para acabar com meio século de conflito.

"Eu confio muito que chegaremos a um acordo com as Farc antes do fim do ano, com certeza. Eu diria que daqui a dois meses", disse ele. Isso permitirá que o país andino aumente os investimentos em saúde e educação, disse ele.