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Putin estuda venda de parte da Rosneft para China e Índia, dizem fontes

Elena Mazneva, Dina Khrennikova e Ilya Arkhipov

20/06/2016 10h20

(Bloomberg) -- Vladimir Putin está estudando vender parte das joias corporativas da coroa da Rússia para a China e a Índia em um momento em que o presidente enfrenta dificuldades para cumprir compromissos de investimento antes de sua possível tentativa de reeleição, daqui a menos de dois anos.

A Rússia procura compradores para 19,5 por cento da campeã nacional do petróleo Rosneft e tem preferência por um acordo conjunto com os dois países que lideram o crescimento da demanda global por energia, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto. As autoridades de Moscou esperam levantar pelo menos 700 bilhões de rublos (US$ 11 bilhões) com a venda, o que estabeleceria um recorde em termos de privatizações no país. "Não há preferência por nenhuma opção" para o acordo, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a jornalistas nesta segunda-feira.

Trazer duas das três maiores economias da Ásia para a Rosneft, que produz mais petróleo do que a Exxon Mobil, ajudaria Putin a cobrir déficits orçamentários e fortaleceria seu poder geopolítico depois que os conflitos na Ucrânia e na Síria levaram as relações com os EUA e com a Europa ao nível pós-Guerra Fria. Além disso, equilibraria a participação de quase 20 por cento mantida pela BP, que tem sede em Londres, a maior parte adquirida em 2013, antes de Putin desencadear uma rebelião separatista na vizinha Ucrânia ao anexar a Crimeia.

"Esta seria a escolha lógica", disse Vladimir Tikhomirov, economista-chefe da corretora BCS Financial Group, de Moscou. "A Índia e a China visam a expandir seus laços com a Rússia, enquanto as opções de investidores da Rússia na Rosneft são bastante estreitas".

'Não somos rivais'

A China e a Índia expressaram publicamente interesse na venda da Rosneft, o que cimentaria suas posições dentro do país que é o maior exportador de energia do mundo, embora nenhum dos lados tenha dito se um acordo conjunto está sendo considerado. Na sexta-feira, o ministro indiano do petróleo, Dharmendra Pradhan, disse que nenhum dos interessados poderia ser descartado.

"Não somos rivais", disse Pradhan em entrevista no fórum econômico anual de Putin em São Petersburgo, acrescentando que a indiana Oil & Natural Gas Corp. e a China National Petroleum Corp. já têm projetos conjuntos e que "seria ótimo" ter mais.

As ações da Rosneft subiam 5 por cento, às 11 horas, em Londres nesta segunda, ampliando o ganho de 5,3 por cento de sexta-feira e aumentando seu valor de mercado para US$ 55,4 bilhões. Os papéis subiram cerca de 50 por cento neste ano.

O ministro da Economia russo, Alexei Ulyukayev, disse na sexta-feira que espera um acordo para este ano, refletindo a urgência expressada por Putin em abril. Putin disse na época que deseja concluir a transação logo que se possa encontrar um parceiro estratégico que não seja "avarento".

"Precisamos do dinheiro", disse Putin na ocasião.