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Apostas altas para relatório de emprego dos EUA na sexta

Luke Kawa

06/07/2016 15h56

(Bloomberg) -- O relatório de empregos de junho dos EUA, que deverá ser divulgado na manhã da próxima sexta-feira, promete influenciar pesadamente a forma como os investidores, o banco central e o eleitorado com um todo percebem a situação da economia americana no momento em que a campanha presidencial está esquentando e os mercados lidam com as consequências do referendo do Brexit.

"Na nossa visão, o relatório de emprego de sexta-feira será acompanhado com uma atenção ainda maior que a de sempre, em um momento em que os mercados lidam com um mundo pós-Brexit e buscam a confirmação de que o relatório de empregos de maio foi um ponto fora da curva e não o início de uma nova tendência preocupante", escrevem estrategistas de câmbio do Bank of America Merrill Lynch liderados por Athanasios Vamvakidis.

Essa linha de raciocínio e a referência ao resultado medíocre de 38.000 novos empregos gerados em maio como um desvio da rota podem ser uma distribuição caridosa do ônus da prova que recai sobre o próximo relatório. O relatório de empregos de maio -- que foi distorcido negativamente por uma greve na Verizon Communications ? derrubou a média móvel de três meses de crescimento dos empregos para 116.000, nível mais baixo desde julho de 2012. Pode recair sobre o número deste mês (e sobre as revisões dos meses anteriores) o ônus de interromper essa queda.

"Excluindo o impacto da greve, o crescimento do emprego desacelerou rapidamente de uma média de 281.000 por mês no quarto trimestre de 2015 para 196.000 no primeiro trimestre de 2016, 121.000 em abril e 73.000 em maio", escreve a economista-chefe do Morgan Stanley para os EUA, Ellen Zentner.

A estimativa de consenso para o crescimento do emprego em junho é de 180.000, segundo analistas consultados pela Bloomberg.

Em seu depoimento recente ao Congresso, a presidente do Fed, Janet Yellen, disse que "sem dúvida" uma série de indicadores apontava que o mercado de trabalho americano perdeu parte da força. Yellen pontuou que o banco central estima um aperto do mercado de trabalho daqui para a frente.

E o efeito pontual da greve na Verizon, que deverá ser revertido neste próximo relatório, não é a única razão para acreditar que o crescimento dos empregos em maio provavelmente tenha sido mais saudável do que parece, segundo o argumento da economista do Fed de São Francisco, Mary Daly.

"Existem bons motivos para acreditar que a tendência de crescimento dos empregos está desacelerando -- o fortalecimento do crescimento salarial com pleno emprego é um deles", disse o chefe da Renaissance Macro para a economia dos EUA, Neil Dutta. "Contudo, a tendência não está entrando em colapso. A confiança do consumidor, os pedidos de seguro-desemprego, as intenções de contratação e os índices de manufatura sugerem um crescimento um tanto mais saudável dos empregos do que o apontado pelos números de maio".