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Merchant projeta queda do petróleo e fim do rali de commodities

Isis Almeida

08/07/2016 15h10

(Bloomberg) -- O melhor provavelmente já passou para as commodities neste ano, porque o triunfo do Brexit aumenta os riscos para o crescimento global e o petróleo recuará, segundo o Merchant Commodity Fund, que teve retorno de 9 por cento no primeiro semestre.

O fundo, dirigido por Doug King e Michael Coleman, ex-funcionários da Cargill, modificou sua perspectiva para as commodities de otimista para neutra neste ano. A decisão do Reino Unido, em referendo, de deixar a União Europeia, provocou incerteza e o crescimento no maior usuário, a China, continua sendo medíocre, disse King. O petróleo poderia cair para US$ 40 a US$ 45 por barril dentro de três semanas porque os estoques estão se reduzindo mais lentamente que o esperado, disse ele.

O Bloomberg Commodities Index avançou 10 por cento neste ano e acabou com cinco anos de quedas, porque o clima seco provocado pelo El Niño reduziu a oferta de café e açúcar e enchentes na Argentina afetaram a produção de soja. O petróleo teve uma alta pela especulação de que menos investimentos e uma produção constante da Opep provocarão cortes nos campos de xisto dos EUA. Agora que os mercados estão sofrendo o impacto do referendo no Reino Unido, a recuperação da matéria-prima está perdendo impulso.

"Sem dúvida, acreditamos que o crescimento global vai sofrer alguma forma de pressão, portanto é preciso esperar problemas na oferta para que haja algum entusiasmo no mercado", disse King, em entrevista por telefone na terça-feira. O fundo administra US$ 235 milhões em ativos. "Acreditamos que haverá uma correção no petróleo".

Os bancos centrais do mundo todo se comprometeram a aplicar mais estímulo para dar respaldo às economias como consequência do triunfo do Brexit, no dia 23 de junho. Os fundamentos do petróleo não são suficientemente fortes para que a commodity sustente o rali de 25 por cento registrado neste ano, disse King. O petróleo bruto era negociado a US$ 46,42 por barril na quinta-feira em Nova York.

Perspectiva do café

O café robusta é a escolha mais otimista do fundo. O grão, afetado por problemas de produção ligados ao El Niño no Brasil e no Vietnã, os maiores produtores, aumentará 14 por cento, para US$ 2.000 por tonelada nos próximos três meses, disse King. Ele já avançou nos últimos cinco meses, a sequência mais prolongada desde abril de 2014.

O café arábica também se beneficiará com os ganhos no robusta à medida que os consumidores recorrerem a variedades de menor qualidade para compensar a escassez de robusta, disse ele. Embora os traders projetem uma grande safra no Brasil, os estoques no maior produtor mundial estão "muito baixos" e será preciso reabastecer. Ao mesmo tempo, os estoques das bolsas estão diminuindo.

"A maioria dos mercados de commodities atravessará problemas de oferta, em vez de problemas de demanda", disse ele. "É um grupo heterogêneo, bom para os especialistas que sabem o que fazem e não tão fácil para quem acompanha tendências".

Para entrar em contato com o repórter: Isis Almeida em Londres, ialmeida3@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Marisa Castellani

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