IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Pessimismo de investidor com ABS da Europa é maior desde 2009

Alastair Marsh

11/07/2016 12h44

(Bloomberg) -- O mundo era um lugar muito diferente da última vez que os investidores se sentiram tão pessimistas em relação aos títulos lastreados em ativos da Europa. Os yields do Tesouro estavam acima de três por cento, a libra registrava um dos melhores desempenhos entre as principais moedas do mundo e securitização ainda era uma palavra suja. O título lastreado em ativos (ABS, na sigla em inglês), garoto propaganda das causas da última crise financeira, era denunciado como um produto tóxico que poluía as carteiras dos investidores e contaminava os balanços dos bancos.

O mercado de 366,3 bilhões de euros (US$ 404 bilhões) para esse tipo de dívida na Europa percorreu um longo caminho desde então e bancos centrais, como o Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu, agora promovem o ABS como uma ferramenta de estímulo ao crédito. Contudo, graças a normas mais rígidas e à decisão do Reino Unido, em referendo, de deixar a União Europeia, o mercado agora mostra tanta inquietação quanto há sete anos, segundo o JPMorgan.

O ABS Confidence Index do JPMorgan, que se baseia em uma pesquisa regular com investidores, mostra que os compradores de ABS apresentam o maior pessimismo desde o início de 2009 e que eles veem as condições atuais do mercado como "ruins".

A última leitura é de -3,3, contra -2,2 no final de 2015 e 0,8 há um ano. Um resultado acima de 10 implica uma resposta "excelente", e -10 aponta condições vistas como "desastrosas".

O Brexit é o mais recente impedimento à recuperação do mercado de ABS, que tem enfrentado dificuldades para retomar o avanço desde que paralisou durante a crise. Contudo, ainda há uma grande distância em relação a um "desastre" como o de 2008 e os bancos centrais já não estão criticando o setor de securitização pelos "incentivos perversos, pela opacidade desnecessária e pelos padrões vergonhosamente frouxos" que "provocaram tanto dano ao sistema bancário global". Na verdade, talvez nos dias de hoje o setor esteja mostrando descontentamento precisamente porque os órgãos reguladores estão analisando o assunto.