Investidor aposta na Venezuela e vê retorno em títulos do país
(Bloomberg) -- Enquanto analistas e investidores de Wall Street se preparavam nos últimos três anos para um calote da Venezuela, Francisco Rodríguez permaneceu firme acreditando que o país iria pagar. Agora, essa opinião contrária à da maioria está conquistando adeptos.
Os títulos do país deram retorno de 27 por cento neste ano -- o dobro da média de ganhos nos mercados emergentes. Investidores em dívida estão apostando que a crise econômica da Venezuela finalmente ajudará a forçar o presidente Nicolás Maduro a deixar o cargo e dará lugar a um novo governo capaz de realizar as mudanças políticas desesperadoramente necessárias para evitar um colapso absoluto.
Rodríguez, que assumiu o cargo de economista-chefe da Torino Capital na semana passada após sair do Bank of America em maio, afirma que um novo governo provavelmente fará mudanças, como reestabelecer o acesso ao mercado e oferecer uma prorrogação voluntária da dívida. Para um país assolado pela queda do petróleo isso é ainda mais notável.
"O fato do país, mesmo quando teve condições comerciais muito mais adversas do que o previsto, ter continuado a pagar, na minha opinião, realmente confirma que nossa previsão estava certa", disse Rodríguez em Nova York.
A oposição está pressionando por um referendo para tirar Maduro -- sucessor escolhido a dedo pelo falecido presidente Hugo Chávez -- do poder e afirma que as autoridades eleitorais comprovaram mais do que o dobro da quantidade de assinaturas necessárias para dar o próximo passo.
A crescente especulação de que Maduro está com os dias contados levou traders a reduzirem as apostas em um calote. Embora a Venezuela ainda continue sendo considerada como o país com maior probabilidade de não cumprir suas obrigações de dívida, a chance de que isso ocorra nos próximos 12 meses caiu de 82 por cento no início deste ano para 55 por cento.
"O que se começa a ver agora na Venezuela é o início do que eu acho que será uma recuperação bastante longa baseada na premissa da expectativa de uma mudança de governo", disse Rodríguez.
Rodríguez discordou de Ricardo Hausmann, o professor da Universidade de Harvard que iniciou o debate sobre o calote há dois anos quando sugeriu que o país deveria deixar de honrar sua dívida porque isso impunha privações cada vez maiores à população. Um calote seria caro para o país-membro da Opep e para a Petróleos de Venezuela, PDVSA, cujos ativos de petróleo em todo o mundo seriam confiscados, disse Rodríguez.
O venezuelano de 46 anos -- que escreveu um livro com Hausmann intitulado "Venezuela Before Chavez, Anatomy of an Economic Collapse" -- também ficou conhecido por sua série estatística que monitorou de tudo, da inflação às importações, em meio à falta de dados econômicos oficiais do governo.
"Trata-se de um país que está sendo mal administrado temporariamente, mas o modo em que ele é administrado vai mudar no futuro, a curto ou médio prazo, mas essa mudança está razoavelmente próxima e, sem dúvida, mais próxima do que a maioria dos vencimentos dos títulos que são negociados", disse Rodríguez. "Isso significa que esses investimentos são essencialmente bons".
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