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Siderúrgicas europeias se aproximam de acordos muito aguardados

Thomas Biesheuvel

12/07/2016 09h33

(Bloomberg) -- O abatido setor siderúrgico da Europa pode estar prestes a fechar os negócios que tanto ansiava.

A última esperança para o setor surgiu na sexta-feira, quando a segunda maior produtora do continente, a Tata Steel, disse que está negociando com a terceira, a Thyssenkrupp, uma possível joint venture. O interesse vem logo após o movimento da maior produtora, a ArcelorMittal, para assumir o controle da Ilva, maior planta siderúrgica da Europa.

Essas transações podem ajudar a resolver o problema mais persistente do setor: há muitas usinas produzindo muito material. O excesso de oferta impede as siderúrgicas de funcionarem a plena capacidade e gera aumento de custo.

Ao mesmo tempo, as empresas europeias estão produzindo uma grande quantidade de aço em um momento em que a China está inundando o mercado global com uma exportação recorde, prejudicando ainda mais os lucros. A esperança é que, com mais consolidação, as empresas maiores possam ajudar a reduzir a oferta excedente, respaldando os preços na região.

"Deixar de avançar com a consolidação do setor agora seria irracional", disse o Berenberg Bank em nota a investidores, na segunda-feira. "Um acordo de fusão ou aquisição terá mais efeito que uma melhora cíclica da sustentabilidade do lucro do setor siderúrgico da UE."

Contudo, um importante obstáculo para qualquer acordo é o papel futuro da divisão britânica da Tata, incluindo seus altos-fornos em Port Talbot.

A empresa, que disse em março que planejava vender sua deficitária divisão britânica, informou na sexta-feira que está estudando "soluções de portfólio alternativas e mais sustentáveis" para seus ativos europeus e que iniciará processos separados para se desfazer de algumas outras unidades na Inglaterra.

Questões britânicas

Koushik Chatterjee, diretor-executivo da Tata Steel, disse que o sucesso da negociação com a Thyssenkrupp e a inclusão da divisão britânica na possível joint venture depende de alguns fatores, incluindo um resultado adequado para o esquema de pensão da indústria siderúrgica britânica.

Entre os demais fatores estão o sucesso das discussões com os sindicatos e a entrega de iniciativas de política e outros tipos de apoio dos governos do Reino Unido e do País de Gales.

Kepler Cheuvreux disse que um acordo com a Thyssenkrupp ampliaria as chances de fechamento de Port Talbot, enquanto o Deutsche Bank disse que é difícil ver como o futuro dos fornos pode vir a ser sustentável. Um conselho de trabalhadores da empresa alemã é contrário ao empreendimento, reportou a Reuters, citando chefes dos conselhos de trabalhadores.

A última novidade da Tata vem após a oferta da ArcelorMittal, no mês passado, de assumir a planta Ilva, na Itália, em uma proposta conjunta com a Marcegaglia. O governo italiano está procurando ofertantes após assumir a administração da planta no ano passado para salvar empregos e retificar danos ambientais.

A planta, que atualmente compete com o aço produzido pela ArcelorMittal, produz cerca de 4,8 milhões de toneladas ao ano e é conhecida por produzir aço barato. O AcciaItalia, um consórcio rival que inclui a Arvedi, também apresentou proposta pela Ilva.