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Previ avalia vender créditos em atraso de beneficiários, dizem fontes

Aline Oyamada, Filipe Pacheco e Paula Sambo

13/07/2016 16h08

(Bloomberg) -- A Previ, maior fundo de pensão do Brasil, planeja vender até R$ 2 bilhões em empréstimos imobiliários com pagamento em atraso, parte do universo de financiamento imobiliário oferecido aos seus beneficiários, segundo três pessoas familiarizadas com o plano.

O fundo, que gerencia o pagamento de pensões dos funcionários do Banco do Brasil, procurou investidores para sondar o interesse na compra de parte da carteira de créditos em atraso, segundo as pessoas, que pediram anonimato porque a negociação é confidencial. Com sede no Rio de Janeiro, a Previ oferece crédito imobiliário a taxas subsidiadas aos seus beneficiários.

A Previ, que contava com R$ 160,6 bilhões em ativos sob gestão em março, se une assim a bancos brasileiros como Santander Brasil e Caixa Econômica Federal na busca por desfazer-se de carteiras que já tiveram baixa contábil. Empresas especializadas em cobranças de devedores estão registrando um boom nos negócios porque a pior recessão do Brasil em mais de um século está aumentando a inadimplência.

A venda de créditos em dificuldades da Previ poderá ocorrer até o fim do ano, disseram as pessoas informadas sobre o assunto.

"Temos visto um número cada vez maior de investidores olhando para os empréstimos em atraso no Brasil", disse Salvatore Milanese, que investe em créditos inadimplidos no Brasil como sócio da CRS Investments e anteriormente trabalhou como chefe de reestruturações da unidade brasileira da KPMG. "Este é um mercado que está crescendo rapidamente. Isto acaba aumentando o interesse dos vendedores, que nunca haviam considerado essa opção".

A Previ disse, em e-mail enviado por sua assessoria de imprensa, que o fundo avalia constantemente alternativas de negócio envolvendo sua carteira de investimentos e que a carteira de crédito imobiliário pode ser considerada em uma eventual transação.

A Caixa Econômica Federal, maior credora imobiliária do Brasil, conseguiu reduzir o dinheiro separado para empréstimos inadimplentes no primeiro trimestre após vender R$ 2,6 bilhões em dívidas com incumprimento. No início do ano, o Santander Brasil vendeu R$ 1,77 bilhão de suas carteiras de crédito pessoal e corporativo. O Itaú Unibanco, maior banco privado do país, fechou em dezembro a compra da participação do Grupo BTG Pactual na firma de ativos distressed Recovery do Brasil Consultoria por R$ 640 milhões.

A Previ, criada em 1904, tem mais de 92.000 beneficiários e começou a fornecer financiamento imobiliário na década de 1980, de acordo com a assessoria de imprensa do fundo de pensão.

Cerca de R$ 60 bilhões em créditos em atraso poderão ser vendidos por bancos brasileiros neste ano, segundo estimativas da empresa de administração de crédito RCB Investimentos.

"A maior parte dos negócios neste mercado acontece no segundo semestre", disse Milanese, da CRS.