Bernanke sugeriu bônus perpétuos a assessor de Abe no Japão
(Bloomberg) -- O ex-presidente do Fed Ben Bernanke, que se reuniu com líderes japoneses em Tóquio nesta semana, havia sugerido a ideia de bônus perpétuos durante discussões anteriores em Washington com um dos principais conselheiros do primeiro-ministro Shinzo Abe.
Etsuro Honda, que ganhou proeminência ao atrair experts estrangeiros para orientar as políticas de Abe, revelou que, durante conversa de uma hora em abril, Bernanke alertou sobre o risco de o Japão voltar a enfrentar deflação a qualquer momento. Ele ressaltou que o chamado dinheiro de "helicóptero" - mecanismo pelo qual o governo emite bônus perpétuos sem data de vencimento, que não são vendidos no mercado, e sim comprados diretamente pelo banco central - poderia funcionar como a melhor ferramenta para superar a deflação, de acordo com Honda. Bernanke apresentou o mecanismo como uma opção.
Honda afirmou entender que o Japão já estava engajado em uma estratégia que envolvia dinheiro de helicóptero. Ele queria sugerir a ideia de dinheiro de helicóptero a Abe e pediu que Bernanke se encontrasse com o primeiro-ministro no Japão. O encontro não aconteceu no segundo trimestre, mas Bernanke almoçou com o presidente do banco central, Haruhiko Kuroda, nesta segunda-feira, e na terça-feira participou de um evento com Abe e outras autoridades, incluindo o influente assessor econômico Koichi Hamada.
No evento de terça-feira, Bernanke recomendou que o Japão continue a política de estímulos conhecida como Abenomics, suplementando a política monetária com estímulos fiscais, de acordo com Hamada. Bernanke disse a Abe que o banco central japonês ainda tem instrumentos para relaxar mais a política monetária, relatou Yoshihide Suga, principal porta-voz do governo japonês. A autoridade monetária não revelou o teor da discussão entre Kuroda e Bernanke.
Hamada disse que o dinheiro de helicóptero não foi mencionado no encontro com Bernanke na terça-feira. Suga antes negou uma reportagem do jornal Sankei afirmando que a equipe de Abe considerava o dinheiro de helicóptero entre suas opções.
Impacto nos mercados
Economistas e investidores de ações e renda fixa vêm se perguntando sobre as possíveis implicações da visita de Bernanke e sobre os próximos passos da Abenomics. Em meio a intensas especulações sobre as chances de adoção do dinheiro de helicóptero e à certeza dos estímulos fiscais adicionais determinados pelo primeiro-ministro, as bolsas japonesas subiram por quatro pregões consecutivos e o iene se depreciou.
No início da noite em Tóquio, a taxa de câmbio era negociada em 105,85 ienes por dólar, com queda diária de 1,3 por cento.
"Há uma intensa alergia ao chamado dinheiro de helicóptero no Japão, embora sua definição varie de pessoa para pessoa", disse Honda em entrevista na quarta-feira. "Olhando as compras de títulos pelo banco central e a política fiscal como um pacote, que eu entendo com um tipo de dinheiro de helicóptero, seria benéfico o primeiro-ministro compreender que um líder teórico global claramente defende o dinheiro de helicóptero", afirmou Honda por telefone da Suíça, onde serve como embaixador.
Bernanke hoje atua como acadêmico residente na Brookings Institution, em Washington. A área de comunicação da Brookings informou na semana passada que Bernanke não estaria disponível para entrevista sobre as últimas discussões dele no Japão. Honda, 61 anos, disse que relatou a Abe as opiniões de Bernanke após o encontro em abril.
"Eu disse a ele que agora é a hora de o Japão expandir os gastos fiscais e, ao mesmo tempo, mais flexibilização monetária deve ser adotada", disse Honda. "Eu disse a ele que é necessário fortalecer os efeitos da Abenomics" por meio dessa estratégia.
Para entrar em contato com os repórteres: Toru Fujioka em Tóquio, tfujioka1@bloomberg.net, Keiko Ujikane em Tóquio, kujikane@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Marisa Castellani
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