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China quer deter estratégia de investimento lucrativa e atípica

Bloomberg News

14/07/2016 13h15

(Bloomberg) -- Uma das estratégias de investimento mais incomuns, e lucrativas, da China está sendo criticada e as autoridades estão tomando medidas enérgicas em relação a uma anomalia do mercado acionário que eles mesmos ajudaram a criar.

A simplicidade dessa estratégia -- e sua eficácia ao explorar as consequências imprevistas da intervenção estatal nos mercados -- tornou-a irresistível durante anos para investidores individuais da China, embora tenha sido desprezada pelos discípulos da análise fundamental.

Executar a transação é fácil: basta comprar uma participação em empresas com os menores valores de mercado, independentemente de suas perspectivas empresariais, e aguardar, com a esperança de que essas empresas se tornem alvo de fusões reversas. Acordos desse tipo -- em que uma empresa privada adquire uma "empresa de fachada" de capital aberto para se apropriar de sua listagem -- se proliferaram na China porque os órgãos reguladores tornaram mais difícil para as empresas obter a aprovação para abrir o capital.

O resultado foi o desempenho estelar de ações que pouco têm a oferecer além de seu lugar em uma bolsa chinesa. Um investidor que tenha comprado participações nas 10 menores empresas de capital aberto do país no início do ano, vendido 12 meses depois e repetido o processo, teria levado para casa um retorno anualizado de 57 por cento nos 10 anos até o começo de 2016, mais de três vezes o retorno do CSI 300 Index da China. Nos últimos dois anos, cerca de dois terços das menores firmas anunciaram planos de fusão, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Mais recentemente, no entanto, essa estratégia começou a falhar. As menores ações despencaram uma média de 1,2 por cento neste ano porque o órgão regulador da China implementou medidas para restringir as fusões conforme orientação do novo presidente do conselho.

Se isso marcará o fim dessa transação vai depender da rapidez com que a Comissão Reguladora do Mercado de Valores da China (CSRC, na sigla em inglês) realize as reformas prometidas, de acordo com Zhang Haidong, da Jinkuang Investment Management. É improvável que as medidas recentes tenham um efeito duradouro sozinhas, mas se as autoridades adotarem um sistema de abertura de capital em que os participantes do mercado -- em vez do governo -- definam a magnitude e o momento das transações, a demanda por fusões reversas vai despencar, disse ele.

"Este fenômeno significa que nosso mercado acionário está muito atrás dos mercados desenvolvidos", disse Zhang, chefe de estratégia da Jinkuang em Xangai. "A CSRC precisa permitir que todas as empresas qualificadas para abrir o capital possam fazer a listagem na bolsa livremente, sem restrições. Só assim o valor das empresas de fachada diminuirá".

A CSRC não respondeu imediatamente a uma pergunta enviada por fax. O CSI 300 Index de ações em Xangai e Shenzhen caiu 0,2 por cento nesta quinta-feira, ampliando a queda deste ano para 12 por cento.