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Nova metodologia separa títulos de grau especulativo de lixo

Rachel Evans

14/07/2016 15h20

(Bloomberg) -- Para os investidores que têm dificuldade em separar títulos de grau especulativo de lixo, a operadora de fundos WisdomTree Investments confia em um simples teste.

A empresa com sede em Nova York, que administra mais de US$ 38 bilhões em fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês), recorre quase exclusivamente à razão entre o fluxo de caixa livre e as ações de uma empresa para determinar quais papéis comprar com um novo ETF com yields altos. Com essa estratégia, os investidores poderiam evitar aproximadamente 90 por cento da dívida de grau especulativo que se torna distressed, mostram as pesquisas da empresa.

Esta é a mais recente aplicação de um estilo de investimento que se espalhou pelo mundo das ações quase sem afetar o crédito -- o "smart beta". A ideia é refinar e ajustar veículos de investimentos passivos na esperança de otimizar os retornos. A WisdomTree, cujos ETFs aprimorados estão entre os mais populares em ações, está fazendo isso para mirar investidores em títulos que estão famintos por yields, mas também desconfiam das crescentes taxas de calotes.

"Vemos muito sucesso nas ações, isso está repercutindo nas pessoas e eu penso, por causa disso, que há cada vez mais interesse no que poderia ser feito com a renda fixa", disse Nick Kalivas, estrategista sênior de produtos da PowerShares, a unidade de ETF da Invesco em Downers Grove, Illinois.

Filtros

Investidores em dívida já recorreram aos ETFs, com US$ 613 bilhões investidos em produtos focados em títulos até 30 de junho, em comparação com US$ 461 bilhões no ano anterior, segundo a BlackRock. Agora, eles estão utilizando cada vez mais o smart beta. Um terço dos ETFs de dívida criados neste ano emprega uma versão da metodologia.

Em vez de acompanhar um índice que pondera seus membros segundo o valor de mercado, os produtos de smart beta filtram o universo de investimentos em diferentes temas. Os índices subjacentes podem ser distorcidos por valores considerados baratos, ativos que oferecem exposição a empresas em rápida expansão ou aqueles que são menos voláteis que seus pares.

Como pré-requisito para a inclusão no índice, cada papel deve ter pelo menos US$ 500 milhões em circulação e estar a um ano ou mais do vencimento. Depois, analisa-se a liquidez do universo de dívida restante utilizando tanto o tamanho do título quanto seus atrativos e exclui-se do índice os 5 por cento menos líquidos de cada setor. As ponderações são determinadas pela probabilidade de calote e pelo diferencial ajustado pela recuperação dos valores.

Críticas

Contudo, não faltam críticos aos ETFs desse tipo. Os investidores bilionários Carl Icahn e Howard Marks destacaram o que eles consideram uma falta de compatibilidade entre a liquidez de um ETF de papéis e seus ativos subjacentes. No caso do smart beta, há quem considere que as ponderações personalizadas afetam a pureza dos investimentos com base em índices, e outros simplesmente preferem a gestão ativa à passiva, independentemente do grau de sofisticação.

"O smart beta é o que há de popular no momento", disse Matt Papazian, diretor de investimentos em Denver da Cardan Capital Partners, que possui cerca de US$ 7,6 milhões de um ETF com smart beta de títulos de grau especulativo administrado pela PowerShares. Papazian comprou o fundo porque ele "apaga parte da volatilidade decorrente da simples posse de títulos com yields altos como classe de ativos".