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Brexit é sinônimo de negócios para empresas de assessoria

Stephanie Baker e Donal Griffin

20/07/2016 12h23

(Bloomberg) -- A nova primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, disse que "Brexit significa Brexit", mas muitas empresas estão tentando descobrir o que a saída do país da União Europeia significará para elas. As assessorias externas estão ávidas por ajudá-las.

Bancos como Citigroup e Nomura Holdings montaram equipes internas para o Brexit e o Goldman Sachs contratou José Manuel Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia.

Fora do setor de serviços financeiros, as reações foram mais variadas. A gigante internacional de telecomunicações Vodafone Group não montou um esquadrão para o Brexit apesar de ter alertado que poderia ter de transferir sua sede de Londres, e a Poundland Group, varejista de descontos concentrada no Reino Unido que enfrenta o aumento de preço dos produtos importados que vende por causa da desvalorização da libra, criou uma equipe, disseram executivos.

Em vez de atacar questões estratégicas de peso como esta por conta própria em um momento em que as condições do Brexit continuam pouco claras, muitas empresas estão recorrendo a contadores, consultores e advogados, que estão elaborando planilhas, PowerPoints e teleconferências para se prepararem para um boom da demanda.

"O choque de que a saída vai se concretizar foi tão grande para tantas empresas em tantos setores que elas não tinham nenhum plano de contingência vigente", disse Karen Briggs, sócia sênior da KPMG que foi nomeada diretora de Brexit na empresa de contabilidade para liderar uma equipe de 10 a 15 especialistas que estão assessorando os clientes.

Briggs disse que as dúvidas se concentram na imigração e em questões jurídicas e tributárias relativas ao Brexit. Ela disse que espera contratar mais funcionários nos próximos meses, mas não pôde quantificar o possível impacto financeiro sobre a empresa.

Centro Brexit

Embora a decisão, em referendo, de sair da UE tenha pego muitos políticos e empresas de surpresa, as quatro grandes empresas de contabilidade reagiram rapidamente. A Deloitte tinha um Centro Brexit exclusivo, dirigido pelo sócio Rick Cudworth, em funcionamento um dia depois da votação. A empresa montou um site e um endereço de e-mail especiais para responder às solicitações dos clientes.

Um webinar da Deloitte sobre o Brexit na segunda-feira atraiu 2.000 clientes. A firma abriu uma linha direta para os clientes preocupados com as restrições à imigração e planejou um "laboratório Brexit" como um meio para que as empresas avaliem o impacto sobre seus negócios.

"Os clientes têm muitas dúvidas sobre quais medidas devem tomar e estão adotando a abordagem de esperar para ver", disse Cudworth. "Em uma época de incertezas, é melhor estar preparado. Trata-se de adotar uma abordagem muito pragmática".

Além dos consultores e dos contadores, os advogados afirmam que já estão vendo benefícios porque as empresas estão recorrendo a eles em busca de assessoramento.

"Acreditamos que somos adequados para responder às perguntas que estão chegando, e estão chegando muitas", disse Stephan Eilers, sócio administrativo do escritório de advocacia Freshfields, em uma entrevista. "O Brexit não foi uma queda de um abismo".