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Como rendimento negativo de nota soberana atrapalha busca por retorno

Tracy Alloway

21/07/2016 15h10

(Bloomberg) -- O pensamento geral é de que a erosão dos rendimentos das dívidas soberanas leva os investidores a ativos de maior risco em sua busca por retornos maiores.

É verdade, argumentam analistas do Credit Suisse em uma nova nota, mas apenas na "primeira fase" de um mundo com rendimentos negativos. Isto é, quando os rendimentos dos títulos soberanos de durações mais curtas ficam abaixo de zero, os retornos totais sobre os ativos de maior risco, como dívidas corporativas de grau especulativo, realmente superam os retornos dos títulos alemães.

Essa tendência desapareceu, contudo, à medida que os rendimentos das dívidas soberanas de maior prazo também caíram em território negativo -- pelo menos na Europa.

"A característica definidora da Fase 1 é um desempenho fortemente superior dos ativos de crédito de alto rendimento em relação aos ativos de crédito e títulos soberanos de baixo rendimento, ou seja, uma forte caçada por tendências de rendimento.

Nada fora do comum até aqui", escrevem William Porter e Chiraag Somaia, do Credit Suisse.

"Contudo, o mais interessante é que na Fase 2, ainda caracterizada por rendimentos negativos, na verdade vê-se um desempenho superior dos títulos soberanos em relação aos ativos de crédito de baixo e de alto rendimento, ou seja, qualquer caçada por rendimentos nos últimos dois anos e meio como um todo foi uma estratégia malsucedida".

 

"No momento, consideramos que os rendimentos sempre em queda representam uma aversão global ao risco e/ou uma decisão com base em políticas econômicas que não são abertamente favoráveis aos ativos de maior rendimento, apesar dos incentivos óbvios que acarretam nesse ambiente", concluem os analistas.

"Por isso, o comportamento de caçada ao rendimento não é errado sempre e em todas as partes -- este trimestre pode lhe ser favorável --, mas qualquer desempenho superior foi subsequentemente contrário à tendência nos últimos dois anos e meio".