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Análise: Calotes corporativos estão apenas começando na Ásia

Christopher Langner

25/07/2016 15h00

(Bloomberg) -- Milhões de palavras foram gastas no problema da dívida da China. Dois pontos carecem de elementos: o perigo é de toda a Ásia. E se uma implosão é iminente, o mais provável é que ocorra nos próximos três anos.

As corporações não financeiras da região enfrentarão uma série de vencimentos offshore de agora até 2019 -- um total de US$ 219,7 bilhões em títulos denominados em dólares e euros vencerão entre janeiro de 2017 e dezembro de 2019.

Boa parte dessa dívida foi emitida nos últimos três anos. Desde março de 2013 as moedas de toda a Ásia têm caído, em alguns casos dois dígitos.

O resultado óbvio desse coquetel é uma porção de calotes. Embora eles tenham aumentado nos últimos dois anos, as baixas taxas de juros dos EUA ao Japão têm evitado o pior dos cenários. Por tudo isso, os US$ 3,3 bilhões em notas com cupons descumpridos neste ano já está no maior nível desde 2012.

Isto só vai piorar. Mesmo com estímulos monetários recordes por todas as partes, as empresas da Ásia enfrentam uma série de desafios que vai desde a desaceleração econômica na China, que está arrastando toda a região para baixo, até o encolhimento das margens de lucro.

O setor privado da Ásia, excluindo a China, registrou o maior aumento da vulnerabilidade externa entre os mercados emergentes nos últimos cinco anos em meio ao aumento de sua dívida, disse a Moody's em relatório de 20 de julho.

A proporção de títulos de grau especulativo nas categorias de alto risco é, agora, de um terço de todas as notas asiáticas de grau abaixo do investimento; apenas um quarto delas foi emitido nesse nível.

Pode ser difícil se concentrar nos pontos de pressão, embora alguns setores, como carvão, aço, serviços petrolíferos e cimento, já tenham começado a mostrar fraqueza. O que os investidores precisam ter em conta é o efeito sobre os bancos. Para cada título que dá calote, diversos empréstimos deixam de ser pagos.

Uma vez que as linhas de crédito bancárias -- sobre as quais há muito menos dados públicos -- são computadas, o volume de problemas já em curso pela Ásia se torna muito maior. O melhor indicador são os empréstimos de liquidação duvidosa e eles estão aumentando por todas as partes.

Como os estímulos monetários contínuos estão tornando os recursos baratos, é improvável que o problema assuma as proporções da crise financeira asiática de 1998. Mas se houver alguma mudança na política monetária global até 2019, as coisas poderiam ficar bem feias. Desta vez, a dívida soberana não será o problema -- e sim a dívida corporativa.

Mesmo que não aconteça o pior, prepare-se: o aumento nos calotes asiáticos é uma certeza entre o momento atual e o final da década.

Essa coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.