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Compra de ativos sustentaram expectativas de inflação, diz BCE

Alessandro Speciale

25/07/2016 11h48

(Bloomberg) -- Sem o programa de flexibilização quantitativa do Banco Central Europeu as expectativas de inflação na zona do euro teriam se afastado da meta oficial e levantariam dúvidas a respeito da credibilidade da instituição, diz um novo estudo elaborado por pesquisadores do BCE.

"O programa expandido de aquisição de ativos do BCE foi importante para evitar um possível descontrole das expectativas de inflação", dizem os economistas Guenter Coenen e Sebastian Schmidt em artigo publicado no website do banco central nesta segunda-feira.

"Isto, por sua vez, é vital para evitar um prolongamento maior do período de resultados de baixa inflação por meio de efeitos de segunda ordem".

O estudo analisa um cenário no qual o BCE não implementou as aquisições de títulos soberanos desde o início de 2015, concluindo que o período resultante de baixa inflação teria enfraquecido a percepção dos participantes do mercado e dos economistas de que a inflação acabará se estabilizando na meta de pouco menos de 2%.

Em vez disso, essas expectativas teriam caído e se alinhado ao nível atual de crescimento dos preços, sinalizando que os consumidores e as empresas teriam perdido a confiança na capacidade do BCE de manter a inflação perto de sua meta.

"As expectativas de inflação de longo prazo geralmente são tomadas como um indicador da credibilidade dos bancos centrais em termos de atingir seus objetivos para a estabilidade dos preços", diz o estudo.

"A simulação contrafactual ilustra claramente o papel importante" das aquisições de ativos "para a prevenção de um possível descontrole das expectativas de inflação por meio da sinalização crível do compromisso do BCE de cumprir sua obrigação de manter a estabilidade dos preços".

O descontrole teria resultado em uma desaceleração maior dos preços e do crescimento salarial à qual o banco central teria sido incapaz de responder porque os juros já estavam perto de zero.

O efeito composto teria sido a apreciação do euro e um crescimento econômico mais fraco. A taxa de inflação anual na zona do euro, formada por 19 países, subiu para 0,1% em junho após dois meses abaixo de zero.

"Além dos efeitos diretos resultantes das expectativas, a folga emergente reduz as pressões de preços e dificulta ainda mais o ajuste da inflação", diz o estudo.