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Moody's prevê mais fluxos para fundos de natureza passiva

Sabrina Willmer

25/07/2016 13h24

(Bloomberg) -- As gestoras de recursos de perfil ativo dos EUA vão penar ainda mais. Para a Moody's Investors Service, investidores descontentes com o desempenho inferior dessas aplicações continuarão transferindo recursos para fundos de índices de baixo custo.

"A migração na direção do investimento passivo não é temporária e os fluxos podem se acelerar", afirmou a Moody's em relatório divulgado na segunda-feira (25). "Com o tempo, a gestão ativa provavelmente terá de encolher de forma substancial."

Instituições que selecionam ações e títulos de dívida precisam voltar a priorizar o desempenho ao marketing e ao crescimento, além de reduzir custos e ativos sob gestão, afirmou a agência de classificação de risco, acrescentando que a compra de concorrentes ou gestoras de ativos alternativos não vai ajudar, pois não trata das causas do desempenho inferior.

Ao longo da última década, os investidores estão se concentrando mais e mais em fundos passivos de baixo custo e se livrando de gestoras de perfil ativo, que não conseguiram entregar resultado melhor que o dos mercados em geral.

No mês passado, Peter Kraus, CEO da AllianceBernstein Holding LP, calculou que o total de ativos em fundos administrados de forma ativa precisa diminuir em até 30 por cento para restaurar a capacidade de superação de índices. O CEO da BlackRock Inc., Laurence D. Fink, prevê a consolidação do negócio.

Fundos demais

Nos últimos cinco anos, 39% dos fundos mútuos de renda variável administrados ativamente superaram seus índices de referência, de acordo com a Morningstar. Nos últimos dois anos, três-quartos dos fundos tributados de renda fixa ficaram atrás das médias do mercado.

A proliferação dos fundos é um dos fatores por trás das taxas de retorno decepcionantes, segundo a Moody's. Existem mais de 9.250 fundos mútuos e 10 mil fundos de hedge, comparado a 3.691 ações no índice Wilshire 5000 e 505 ações no índice S&P 500.

"Capacidade excessiva leva a mediocridade dos investimentos, já que o talento verdadeiro é limitado e o tamanho trabalha contra o investidor na forma de aumento dos custos de transação e dificuldade na identificação de oportunidades de investimento com escala", de acordo com o relatório escrito por uma equipe de analistas que inclui Stephen Tu e o diretor sênior de crédito Robert Callagy.

A Moody's prevê deterioração adicional da classificação de risco de grandes gestoras de ativos tradicionais "sem competência essencial em investimento passivo ou que não conseguem entregar desempenho superior que justifique suas taxas."

As classificações de risco de algumas gestoras, como Legg Mason Inc., Waddell & Reed Financial Inc. e Gabelli, já foram rebaixadas ou tiveram a perspectiva alterada. De acordo com a Moody's, as recentes mudanças em notas e perspectivas refletem as preocupações em relação ao futuro da gestão tradicional de recursos de perfil ativo.