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Injeção de dinheiro na Pemex desaparece no bolso dos motoristas

Adam Williams e Carlos Manuel Rodriguez

28/07/2016 15h10

(Bloomberg) -- O governo do México dá dinheiro à Pemex com uma mão e toma com a outra.

O Ministério das Finanças do país, que deu à Petróleos Mexicanos uma injeção de capital de 26,5 bilhões de pesos (US$ 1,4 bilhão) neste ano em meio à pior crise financeira da empresa estatal, custou à gigante do petróleo tudo isso e mais um pouco neste ano por obrigar a empresa a vender gasolina e diesel abaixo dos preços internacionais, de acordo com dados compilados pela agência de notícias Bloomberg. O prejuízo nos últimos quatro meses: 29 bilhões de pesos.

Embora ajude os motoristas mexicanos, isso aprofunda o buraco em que a Pemex está metida, com dívidas de quase US$ 100 bilhões e 11 anos de queda da produção de petróleo.

Em um aceno aos investidores internacionais, o Ministério das Finanças disse em abril que trabalharia com a Pemex para "definir os mecanismos mais adequados para ajudar a empresa e fortalecer sua situação financeira".

"O preço oferecido à população precisa ser notavelmente superior aos preços à vista desses produtos", disse Adrián Lajous, presidente da Pemex de 1994 a 1999, em entrevista por telefone, da Cidade do México. "É difícil entender como o preço da fórmula do Ministério das Finanças poderia estar abaixo" da média do custo internacional, disse ele.

Embora a venda de combustível abaixo dos preços do mercado internacional não seja uma prática nova no México, modificações regulatórias realizadas anteriormente neste ano transferiram o prejuízo para a Pemex, e não para o governo, que costumava absorver o subsídio implícito.

O Ministério das Finanças disse em um comunicado enviado por email que a fórmula mexicana para estipular os preços dos combustíveis reduz a volatilidade para os consumidores e monitora a referência internacional com um método que compensará as discrepâncias com o tempo. No primeiro trimestre, os preços dos combustíveis provavelmente cairão de novo, o que permitirá que a Pemex aumente sua receita, disse o Ministério.

Abaixo do mercado

O México utiliza em média 198 milhões de litros (1,24 milhão de barris) de combustível por dia, mostram dados do governo, e mais da metade é importada.

A diferença entre os preços da gasolina e do diesel no mercado à vista da Costa do Golfo dos EUA e o valor cobrado no México -- que é determinado por uma fórmula publicada no diário oficial do país -- chega a 429 milhões de pesos (US$ 22,8 milhões) em um dia. A Pemex preferiu não comentar.

A decisão do Ministério de manter o desconto nos preços dos combustíveis é provavelmente uma tentativa de aplacar os consumidores mexicanos, a quem o governo do presidente Enrique Peña Nieto prometeu preços mais baixos para a energia como resultado da reforma energética do país, aprovada em 2013, disse Carlos Bravo, analista político do Center for Research and Teaching.

Se os preços locais dos combustíveis subissem para o patamar do mercado internacional, o aumento resultante dos custos para o consumidor provavelmente enfraqueceria a popularidade do Partido Revolucionário Institucional (PRI), atualmente no governo, antes da eleição presidencial de 2018, disse ele.

"O custo político de maiores aumentos no preço da gasolina se refletiria nas eleições estaduais do próximo ano e na eleição presidencial de 2018. Seria catastrófico para o PRI", disse Bravo, em entrevista por telefone, da Cidade do México. "Várias decisões deste governo parecem mais inclinadas a punir a Pemex do que a ajudá-la".