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Gerente de fundo que antecipou alta do real prevê mais ganhos

Aline Oyamada

29/07/2016 13h14

(Bloomberg) -- Na pior fase da queda do mercado financeiro no Brasil no ano passado, o gerente de hedge fund Luiz Fernando Figueiredo fez uma recomendação ousada. Toda a aflição com os perigos da crise financeira era exagerada, disse ele, e os mercados estavam prontos para a recuperação.

Agora, após altas descomunais nos mercados financeiros brasileiros neste ano, Figueiredo não fala como um homem que está pronto para trocar suas fichas. Ele argumenta que há mais lucros pela frente, em particular com o câmbio, porque a taxa de juros do país, de 14,25%, atrairá um número crescente de investidores estrangeiros sedentos por rendimentos neste momento de menor preocupação em relação à piora dos déficits do governo.

O presidente interino, Michel Temer, começou imediatamente a buscar medidas para reforçar as contas fiscais e estabilizar a economia ao substituir Dilma Rousseff, afastada em maio para enfrentar o julgamento do impeachment.

"Com a economia caminhando na direção certa é quase impossível que um país com taxas de juros obscenas não receba enormes fluxos de capital", disse Figueiredo, ex-diretor do Banco Central que fundou a Mauá Capital em São Paulo em 2005.

Figueiredo prevê que o real subirá cerca de 9% até o fim do ano, para R$ 3 por dólar, visão que contrasta com o consenso de uma pesquisa da agência de notícias Bloomberg que aponta para um real mais fraco tanto no trimestre atual quanto no próximo.

Esses analistas veem, em média, a moeda caindo para R$ 3,50 no fim de 2016. Os investidores de opções estão similarmente pessimistas. O prêmio de 3,6 pontos percentuais pelo direito de vender a moeda em seis meses a coloca entre as cinco piores dos mercados emergentes.

Qualquer ganho estenderia o salto de 20% deste ano, que representa quase o dobro do avanço da segunda melhor moeda dos mercados em desenvolvimento. A valorização do real marca uma reviravolta em relação a 2015, quando perdeu 33% de seu valor, atingindo uma baixa intradiária recorde de R$ 4,2478 por dólar em setembro. 

A recomendação otimista de Figueiredo no ano passado pagou grandes dividendos aos seus clientes. O principal fundo da Mauá, que administra R$ 241 milhões (US$ 73 milhões) e investe principalmente em títulos soberanos e corporativos, deu retorno de 16% até esta altura de 2016, superando 98% de seus pares. Os ganhos representam uma recuperação para Figueiredo após anos de retornos abaixo da média. Nos últimos cinco anos, o fundo ficou atrás de quase dois terços de seus rivais.

A extensão do rali do real "depende muito da magnitude das reformas e do ajuste fiscal que esse governo será capaz de implementar", disse Figueiredo.