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Bancos centrais não são única razão para alta de emergentes

Sebastian Boyd e Natasha Doff

01/09/2016 11h34

(Bloomberg) -- Virou lugar comum atribuir a alta dos ativos dos mercados emergentes deste ano ao crédito barato que se espalha no mundo todo, uma cortesia dos bancos centrais. Mas essa é apenas metade da história.

Claro, os investidores, que enfrentam rendimentos de dívida negativos em muitos países desenvolvidos, lançaram suas redes longe para reforçar seus retornos, muitas vezes injetando dinheiro em títulos, ações ou moedas de países atolados em recessão.

Mas algumas das economias emergentes e das empresas mais problemáticas dos últimos anos estão realmente dando aos gestores de recursos razões para acumularem seus ativos. A China agora está a caminho de bater sua meta de crescimento, enquanto o Brasil e a Rússia deverão emergir de suas quedas. Os países em desenvolvimento também ampliaram suas reservas internacionais em US$ 144 bilhões, para US$ 9,9 trilhões, depois que atingiram a maior baixa em três anos, em março. As mais de 800 empresas do Emerging Markets Index da MSCI registraram um crescimento médio dos lucros por ação de 47 por cento no último trimestre, enquanto o lucro dos integrantes do Standard & Poor's 500 Index caiu.

"Há sinais de que as coisas estão parecendo melhores, ou menos piores, ao menos", disse Kieran Curtis, diretor de investimento da Standard Life Investments em Londres, que administra US$ 350 bilhões em ativos. "A estabilização do Brasil e da Rússia está provocando um grande impacto sobre a taxa de crescimento agregada dos mercados emergentes".

Os rendimentos dos títulos dos países em desenvolvimento caíram 1,25 ponto percentual desde janeiro, para 4,23 por cento, à medida que os investidores abocanharam as dívidas, mas ainda são muito superiores aos que se consegue em lugares como os EUA, a zona do euro e o Japão. Há cerca de US$ 8,9 trilhões em títulos com rendimentos negativos em todo o mundo.

Os investidores em dívidas de moeda forte dos mercados emergentes colheram retornos médios de 12,7 por cento neste ano, liderados por ganhos na Venezuela e Zâmbia. Enquanto isso, um índice de 20 moedas de países em desenvolvimento deu um salto de 4,3 por cento em 2016, a caminho do maior aumento em sete anos. O índice acionário dos mercados emergentes da MSCI acumula alta de 13 por cento neste ano, quase quatro vezes o MSCI World Index de ações de países desenvolvidos.

"É seguro afirmar que os rendimentos dos mercados emergentes continuarão caindo", disse Jim Barrineau, gestor de recursos de mercados emergentes em Nova York da Schroder Investment Management, que tem cerca de US$ 450 bilhões em ativos em todo o mundo. "Os fundamentos estão melhorando. Os fundamentos sempre acompanham a liquidez. Primeiro temos o fluxo de liquidez, depois a redução dos juros pelos bancos centrais, depois a valorização das moedas e, então, um crescimento melhor".

As empresas e famílias dos países em desenvolvimento estão começando a reduzir os empréstimos enquanto porcentagem de suas economias. Excluindo a China, a proporção entre crédito e produto interno bruto caiu para 127 por cento, contra 128 por cento no fim do ano passado, marcando o primeiro declínio desde a crise financeira global, segundo dados compilados pelo Goldman Sachs.