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Investidores em imóveis estão obcecados com o ar condicionado

Siobhan Wagner

02/09/2016 12h20

(Bloomberg) -- Os investidores em imóveis podem ter mais motivos para se preocupar com o ar condicionado do seu escritório do que você.

Com o aumento das emissões relacionadas à energia dos edifícios, os investidores em propriedades estão começando a temer que os órgãos reguladores e os políticos repreendam o setor por sua contribuição para a mudança climática.

A PGGM, segunda maior gestora de fundos de pensão da Holanda, disse que está trabalhando para reduzir pela metade a pegada de carbono dos 22 bilhões de euros (US$ 25 bilhões) em investimentos imobiliários que a empresa administra antes de 2020. "Nossa pensão valerá mais no futuro em um mundo habitável", disse Mathieu Elshout, diretor de imóveis privados da PGGM Investments. "Quanto antes começarmos, melhor".

Estudos têm mostrado que edifícios com eficiência energética também rendem bons investimentos. Os fundos de investimento imobiliário que se classificam melhor em um indicador de sustentabilidade geralmente têm um melhor desempenho financeiro, segundo um estudo de 2015 da Universidade de Cambridge.

Mas como você determina o relativo impacto do carbono de uma carteira imobiliária, que poderia incluir propriedades tão diversas quanto armazéns, que gastam pouca energia (e geram poucos lucros), e centros de dados, que são grandes consumidores de eletricidade?

A empresa de análises de dados de propriedades GeoPhy faz isso comparando diretamente quanto carbono uma propriedade produz por dólar de receita de aluguel que gera. A GeoPhy calculou a pegada de carbono de 50 dos maiores fundos de investimento imobiliário por capitalização de mercado em seu banco de dados de 900 empresas de capital aberto do setor em todo o mundo, exclusivamente para a Bloomberg.

Os cinco fundos de melhor desempenho possuem edifícios mais novos e mais bem desenhados, disse o fundador e CEO da GeoPhy, Teun van den Dries. E os edifícios verdes tendem a estar em localizações melhores, o que pode explicar os aluguéis mais elevados, disse ele.

"O que vemos é um forte desconto, que mostra uma queda aguda do valor dos edifícios mais antigos e de pior qualidade", disse ele.

Na outra ponta está a Digital Realty Trust, empresa de São Francisco que possui e opera centros de dados -- setor no qual as pegadas das emissões estão em crescimento. A empresa disse que estava trabalhando em seu desempenho ambiental e que havia reduzido a pegada de carbono de seus centros de dados em 6 por cento em 2015, apesar do crescimento de 16 por cento do uso de energia de seus clientes.

Os fundos de investimento imobiliário com propriedades em áreas nas quais o carvão ainda tem uma grande importância na geração de energia apresentaram uma pegada relativamente alta, disse van den Dries. "A localização do edifício é, na verdade, um fator chave", disse ele. "Se você está no Texas, a intensidade do carbono é completamente diferente do que se você estiver no estado de Nova York".

Os edifícios responderam por 32 por cento do uso final de energia global e por 19 por cento das emissões de gases de efeito estufa relacionadas à energia em 2010, segundo o último relatório de avaliação do aquecimento global do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, publicado em 2014. Isto graças a muito ar condicionado, aquecimento, iluminação e equipamento elétrico.