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Putin pressiona por acordo de congelamento de petróleo com Opep

Ilya Arkhipov, Dina Khrennikova e Elena Mazneva

02/09/2016 13h22

(Bloomberg) -- Vladimir Putin disse que gostaria que a Opep e a Rússia, que produzem a metade do petróleo do mundo, chegassem a um acordo para congelar a oferta e espera que a disputa sobre a participação do Irã possa ser resolvida.

"Do ponto de vista do sentido e da lógica econômica, seria correto chegar a um meio termo", disse Putin, em entrevista, em Vladivostok. "Estou confiante de que todos entendem isso. Nós acreditamos que esta é a decisão certa para a energia mundial".

Apesar do fracasso das negociações de abril sobre a participação do Irã, os países agora reconhecem que a nação -- liberada há apenas alguns meses de sanções internacionais -- deve receber permissão para continuar elevando sua produção, disse Putin. O presidente russo disse que poderá recomendar a realização do plano quando se reunir com o vice-príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, na cúpula do G-20, na China.

O petróleo subiu mais de 10 por cento no mês passado com a especulação de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo fechará um acordo com países de fora do grupo em uma reunião informal, em Argel, neste mês. A queda prolongada dos preços do petróleo -- estagnado na metade do nível observado há dois anos -- está prejudicando as economias dos países produtores, o que dá aos rivais do mercado de petróleo motivos para a cooperação.

"Eu gostaria muito de ter a esperança de que todos os participantes desse mercado que estejam interessados em manter os preços globais da energia estáveis e justos acabem tomando a decisão necessária", disse Putin. O príncipe bin Salman "é um parceiro muito confiável, com quem se pode chegar a acordos tendo a certeza de que eles serão honrados", disse ele.

O ministro de Energia russo, Alexander Novak, vinha sendo um dos principais atores das negociações secretas com os produtores da Opep no início do ano, que culminaram em uma reunião em Doha, em meados de abril. O acordo fracassou poucas horas antes de ser assinado porque o príncipe bin Salman insistiu na participação do Irã, deixando Novak diplomaticamente exposto.

"Nossos parceiros sauditas mudaram de opinião no último momento", disse Putin. "Nós não rejeitamos a ideia de congelar a produção. E nossa posição não mudou".

Até o momento, a Rússia parecia cautelosa quanto a dar outra chance à proposta. Novak disse ontem que nenhum acordo é necessário com os preços em torno de US$ 50 por barril, segundo informações da agência russa RIA Novosti. Os futuros do Brent eram negociados a US$ 46,08 o barril em Londres às 12h15 pelo horário local.

A Rússia está pronta para participar de negociações informais com a Opep no fim do mês, mesmo que o acordo não seja para já, disse Novak, nesta sexta-feira, nos bastidores de um fórum econômico em Vladivostok.