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Bombardier vê impulso de Macri a aviação executiva na Argentina

Fabiola Moura

06/09/2016 14h24

(Bloomberg) -- A Bombardier espera que as vendas de jatos executivos se recuperem na Argentina agora que um novo governo assumiu o poder, ajudando a compensar a fragilidade no Brasil e na Venezuela, principais mercados da América Latina.

"A Argentina se abriu novamente nos últimos sete meses e temos visto um impulso enorme", disse Stéphane Leroy, responsável pelas vendas da Bombardier na região. "Praticamente nada aconteceu nos últimos três anos porque os clientes não podiam comprar por questões regulatórios, tributárias e cambiais". Hoje, disse ele, a fabricante de aviões com sede em Montreal recebe consultas sobre seus jatos todas as semanas.

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, prometeu que a segunda maior economia da América do Sul crescerá no ano que vem, após a remoção de controles sobre o câmbio e o fim de um impasse de 15 anos com credores. Essas medidas agravaram a recessão do país, mas receberam apoio internacional após anos de baixo investimento estrangeiro. As empresas multinacionais já prometeram investir mais de US$ 20 bilhões até 2020, segundo o Ministério da Fazenda e Finanças.

Desde a posse de Macri, em dezembro do ano passado, cinco aviões executivos usados entraram na Argentina, o que indica a aposta das empresas no fortalecimento da economia, disse Leroy em entrevista, na quarta-feira, em São Paulo.

Nenhum aumento das vendas na Argentina será suficiente para compensar plenamente a desaceleração na região como um todo. As vendas do mercado total de aeronaves executivas, que inclui helicópteros e turboélices, caíram 40 por cento em 2015 e 2016 na América Latina, afetadas principalmente pela recessão no Brasil, disse ele, que foi a São Paulo para a Latin America Business Aviation Conference & Exhibition.

Mercado derrapa

Leroy comparou o mercado de aeronaves executivas da América Latina com um carro. A tração vem das rodas dianteiras, Brasil e México, que respondem por mais de 80 por cento da frota de aviação geral. A Argentina e a Venezuela são as rodas traseiras. "São mercados menores, mas muito importantes", disse Leroy. Dos dois, a Argentina é o que está começando a ganhar força.

O Brasil passa pela recessão mais longa da história do país e Dilma Rousseff foi removida da presidência na semana passada. Na Venezuela, que também é assolada pelas crises econômica e política, centenas de milhares de pessoas foram às ruas recentemente para pedir a realização do referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro.

A Bombardier respondeu por 28 por cento da frota latino-americana de jatos executivos no ano passado, com 545 aeronaves em uso. A empresa projeta que 790 aeronaves executivas serão entregues no mercado total da região nos próximos 10 anos.