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Internet das coisas prepara um cachorro-quente melhor para você

Stefan Nicola

12/09/2016 14h25

(Bloomberg) -- Esqueça os carros autônomos: na Alemanha, a chamada internet das coisas começa com cachorro-quente.

A Certuss Dampfautomaten, que tem sede em Krefeld e fabrica geradores de vapor usados tanto para cozinhar salsichas quanto para esterilizar instrumentos médicos, costumava enviar profissionais de reparação de avião para localidades distantes para reativar maquinários quebrados.

Agora, sensores instalados nas máquinas enviam dados sobre 60 itens, incluindo temperatura, pressão do vapor e sinal de chama por meio de um cartão SIM para um servidor em nuvem operado pela Deutsche Telekom, sinalizando possíveis problemas antes mesmo de eles ocorrerem.

"O novo sistema nos ajuda a reduzir o tempo de inatividade dos nossos clientes e pode cortar os custos do serviço de manutenção, porque vemos o problema antes de ter de enviar uma pessoa até lá", disse o diretor de tecnologia da Certuss, Thomas Hamacher.

Isso melhora o planejamento -- agendamentos de manutenções podem ser programadas durante intervalos regulares de produção, por exemplo. "A longo prazo, esperamos ter que executar menos missões de manutenção".

Embora os aparelhos mais surpreendentes, como os drones e os carros autônomos, ganhem a maioria das manchetes, a Deutsche Telekom está tentando aproveitar a oportunidade da internet das coisas em setores como construção e saúde, conectando máquinas à internet para que possam funcionar de forma mais eficiente.

A operadora com sede em Bonn está mirando clientes como Vodafone e AT&T, que contam com um mercado industrial de internet das coisas avaliado em US$ 330 bilhões em 2020, segundo projeções da Research and Markets.

"Trata-se de um mercado em crescimento no qual todos querem entrar e nós queremos marcar posição", disse Dido Blankenburg, que é responsável na Deutsche Telekom pela divisão voltada a clientes corporativos como a Certuss.

A internet das coisas, uma ideia há tempos em gestação, se refere a um mundo de aparelhos conectados que vai além dos telefones celulares e dos relógios inteligentes, ligando objetos do cotidiano e enviando e recebendo dados.

As empresas, tirando proveito da queda dos preços de sensores, dos transmissores sem fio e da armazenagem em nuvem, estão tentando soluções relacionadas à internet das coisas para melhorar as relações com os clientes, reduzir os custos de manutenção e desenvolver novos produtos e fontes de receita.

A McKinsey & Co. estima que o impacto econômico potencial da internet das coisas nas fábricas subirá para US$ 3,7 trilhões por ano em 2025, com base principalmente em melhorias de produtividade, incluindo até 20 por cento em economia de energia e até 25 por cento em melhoria potencial da eficiência da mão de obra.

"Com a capacidade de monitorar as máquinas que estão em uso na unidade do cliente, as fabricantes de equipamentos industriais podem passar da venda de produtos de capital para a venda de seus produtos como serviços", escreveu a McKinsey no estudo apresentado no ano passado.